Israel ignora pressão de aliados ocidentais e reitera promessa de retaliar ataque do Irã

'Nós mesmos tomaremos nossas decisões', disse Netanyahu em meio á pressão de seus parceiros contra uma resposta militar

Após uma conversa em Jerusalém nesta quarta-feira (17) com o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enfatizou que Israel “tomaria suas próprias decisões” em relação a uma iminente resposta à agressão iraniana ocorrida no último final de semana. A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, também esteve presente. As informações são da rede BBC.

Durante a reunião, na qual o governo britânico entrou com o objetivo de evitar uma escalada do conflito no Oriente Médio, Netanyahu assegurou que seu governo faria o necessário para se defender e reiterou sua promessa de retaliar o ataque sem precedentes de mísseis e drones do último sábado (13). Por sua vez, o chanceler britânico destacou que qualquer resposta deveria ser “inteligente” e limitada.

Em um comentário que pode ser visto como uma afirmação da soberania de Israel e uma resposta à pressão internacional para moderação em seu conflito com Teerã, Netanyahu reforçou a autonomia do Estado judeu nas questões de segurança, declarando: “Quero deixar claro: tomaremos nossas próprias decisões”.

Cameron e Netanyahu após reunião em Jerusalém nesta quarta (Foto: Prime Minister of Israel/Reprodução X)

Após a reunião com Netanyahu, Cameron, em coletiva de imprensa, expressou solidariedade pelo “terrível” ataque do Irã e enfatizou a importância de limitar e direcionar qualquer resposta. Ele destacou, ainda, que uma escalada “não é do interesse de ninguém”.

Os comentários de Netanyahu reforçam a crença no Ocidente de que Israel está preparado para agir contra o Irã e que há um limite para as apelações por moderação. Embora o governo israelense esteja ciente das preocupações na Europa e nos Estados Unidos sobre a escalada da guerra na região, os líderes ocidentais podem se consolar com o fato de que os líderes israelenses estão buscando apoio diplomático após os ataques do Irã.

Os ataques resultaram em condenação internacional e na promessa de novas sanções a Teerã. Por conta disso, segundo a reportagem, é possível que Netanyahu evite um ato de retaliação que possa levar à escalada para não prejudicar essa aliança – a qual faz parte os EUA, o Reino Unido e a França, que ajudaram Israel a repelir o bombardeio iraniano.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, alertou nesta quarta-feira que qualquer ataque de Israel em solo iraniano receberia uma resposta “massiva e dura”. Raisi destacou que o ataque do fim de semana foi limitado e afirmou que se Teerã decidisse realizar um ataque maior, “nada restaria do regime sionista”.

O ataque iraniano teria sido uma resposta a um suposto ataque israelense ao complexo da embaixada do Irã na Síria em 1º de abril. Esse ataque resultou na morte de 12 pessoas, incluindo dois generais iranianos.

Resposta pode ser por “métodos secretos”

Apesar das ameaças duras de Netanyahu, é improvável que Israel ataque diretamente o Irã sem o apoio de Washington. No entanto, poderia optar por “métodos mais secretos”, como atacar altos comandantes iranianos em outros países ou realizar ataques cibernéticos, segundo a agência Associated Press.

Não está claro como o Irã irá reagir, dadas as tensões elevadas. Um erro de cálculo de qualquer lado poderia resultar em uma guerra regional.

O governo Biden impôs novas sanções ao Irã na terça-feira (16) e está trabalhando para obter apoio global contra o ataque, enquanto pede a todos que evitem a escalada. Autoridades norte-americanas informaram que o chefe da Casa Branca disse a Netanyahu que os EUA “não participariam de qualquer ação ofensiva contra o Irã”.

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