Israel reforçou o argumento de que uma intervenção militar pode ser necessária para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Segundo o ministro das Relações Exteriores Gideon Sa’ar, Teerã está “brincando com formas” de transformar seu material nuclear enriquecido em armamento, o que poderia desestabilizar o Oriente Médio. As informações são do site Politico.
“Não temos muito tempo”, disse Sa’ar, reforçando que Israel ainda prefere uma solução diplomática, mas que as chances de sucesso são “não muito grandes”. Caso o Irã consiga avançar com seu programa nuclear, o impacto para a segurança de Israel seria “catastrófico”.
O ministro destacou que uma “opção militar confiável deveria estar sobre a mesa” para impedir que o programa nuclear iraniano se torne uma ameaça real. Segundo ele, a inatividade diante da questão levaria a uma “corrida nuclear no Oriente Médio”, com possível reação de Egito, Arábia Saudita e Turquia.

A declaração de Sa’ar ocorre no momento em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu busca reforçar o apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, para conter as ambições nucleares do Irã. Apesar de o líder norte-americano ter manifestado preferência por um acordo diplomático, seu assessor de segurança nacional, Mike Waltz, afirmou que “todas as opções estão na mesa” e que seu país não aceitará nada menos que o desmantelamento total do programa nuclear iraniano.
Outro fator de preocupação para Israel é o contrabando de armas iranianas para a Cisjordânia por meio da fronteira com a Jordânia. “Estamos enfrentando uma grande tentativa do Irã de alimentar o conflito nessas áreas por meio de dinheiro e armas”, alertou Sa’ar.
Israel e a UE: relação tensa
A advertência de Israel sobre o Irã ocorre em meio às recentes tensões diplomáticas entre Tel Aviv e a União Europeia (UE). Durante uma votação na ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a guerra na Ucrânia, Israel acompanhou os EUA ao se abster, alinhando-se a Rússia, Belarus e Coreia do Norte. Sa’ar negou que essa decisão representasse apoio a Moscou e afirmou que foi uma estratégia para manter boas relações com Washington.
As relações com a UE continuam tensas, especialmente com países como Irlanda, Espanha e Bélgica, críticos da operação militar israelense na Faixa de Gaza. Sa’ar, no entanto, ressaltou que o diálogo com Bruxelas tem sido “construtivo e honesto”, destacando a mediação da diplomata Kaja Kallas.
Já sobre a relação com a Irlanda, o ministro disse apenas que apertou a mão do representante irlandês, sinalizando que Israel pretende priorizar laços com países com melhores perspectivas de cooperação.
Kallas deve visitar Israel no fim de março, enquanto a UE busca normalizar as relações com a Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad. Sa’ar alertou para os riscos dessa abordagem, afirmando que a situação de segurança ainda pode se deteriorar rapidamente, levando a “distúrbios e derramamento de sangue”.