O cessar-fogo que encerrou os 11 dias de confrontos na Faixa de Gaza, em maio, ainda é “muito frágil”, disse o enviado da ONU (Organização das Nações Unidas) à região Tor Wennesland, nesta quinta (24).
Segundo ele, as Nações Unidas ainda trabalham para solidificar o fim do conflito, permitir a entrada de mais ajuda humanitária e estabilizar a situação após o último capítulo da mais recente disputa entre israelenses e palestinos.
O enviado pressionou os lados a absterem-se de medidas unilaterais e provocações para reduzir a tensão. “Todos devem facilitar as discussões para estabilizar a situação na região e evitar outra escalada devastadora em Gaza”, disse, em registro da ONU News.
Apesar do cessar-fogo, há um “aumento alarmante” da violência entre israelenses e palestinos, disse Wennesland. “Há uma tentativa de explorar o status sensível de Jerusalém para justificar um conflito armado mais amplo. O confronto só aprofundou as divisões”, disse.
Wennesland também chamou atenção para o plano de Israel de expandir o assentamento Har Homa, em Jerusalém Oriental. O direito internacional classifica a ocupação do território palestino como ilegal. Estima-se que até 750 mil colonos israelenses vivam em mais de 250 assentamentos ilegítimos na região.
“Os assentamentos israelenses constituem uma violação flagrante das resoluções das Nações Unidas e do direito internacional”, apontou o enviado. “Eles são um grande obstáculo para uma solução de dois Estados e paz duradoura”.
Distanciamento
O enviado também instou as partes a facilitarem o acesso desimpedido das agências humanitárias a Gaza. A travessia Kerem Shalom – uma das principais entre Israel e Gaza – está fechada há mais de um mês após os confrontos. Wennesland ordenou a abertura para o “comércio regular e não sensível”.
De março a junho, 295 palestinos, incluindo 73 crianças, foram mortos pelas forças de segurança israelenses. Mais de 10,1 mil ficaram feridos em manifestações, operações de busca e apreensão, ataques aéreos ou bombardeios na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Dados de Tel Aviv acessados pela agência catari Al-Jazeera apontam que 90 membros das forças de segurança e 857 civis de Israel foram feridos em embates com palestinos no mesmo período.
O confronto entre Hamas e Israel escalou em 10 de maio, Dia de Jerusalém. O feriado nacional israelense, que celebra a libertação da cidade e sua reunificação após a Guerra dos Seis Dias, foi marcado neste ano por uma salva de foguetes disparados pelo Hamas. Em resposta, Israel disparou mísseis contra Gaza.