Pandemia ameaça comunidades devastadas por guerras

Vírus pode piorar assistência médica a mulheres e aumentar casos de violência de gênero, diz fundo da ONU

As comunidades afetadas por crises humanitárias e guerras são grandes afetadas de momentos como o da pandemia do novo coronavírus, alertou o UNFPA (Fundo de Populações das Nações Unidas) nesta quinta (16). 

O controle contra infecções nestes locais, já afetados pela pobreza e por um acesso limitado a atendimento médico, deve se tornar pior com o novo vírus. De acordo com o fundo, as mulheres estão do lado mais frágil da crise.

Normalmente, centenas de mulheres e meninas que vivem em regiões afetadas por guerras e crises humanitárias morrem por complicações na gravidez e no parto. Agora, com os sistemas de saúde saturados pela pandemia do Covid-19, as condições dessas mulheres tendem a piorar.

O UNFPA pediu apoio financeiro de US$ 120 milhões para mitigar a situação dessas mulheres durante a pandemia do coronavírus. Outros US$ 67,5 milhões foram solicitados pelo fundo para atuar na preparação contra a disseminação do Covid-19.

Pandemia do coronavírus ameaça comunidades devastadas por guerras e crises comunitárias (Foto: Sahem Rababah/UN Photo)

Violência contra a mulher

O campo de refugiados de Azraq, na Jordânia, é um dos locais que tem gerado preocupação, aponta o fundo das Nações Unidas. Principalmente quando o assunto é violência contra a mulher.

Com a impossibilidade de certos locais abrirem, as mulheres e meninas da região não podem mais frequentar os espaços livres de violência e assédio sexual. As “zonas seguras” mantidas pelo Comitê Internacional de Resgate fecharam por causa da pandemia.

As conselheiras que atuam no campo buscam outras maneiras de atender essas mulheres, prestando assistência por telefone, por exemplo. No entanto, não são todas que tem privacidade para falar sobre os assuntos. Outras tantas não possuem um aparelho celular.

Na Síria, a situação é semelhante. Segundo a diretora do Projeto de Desenvolvimento da Mulher na Associação Beneficente Islâmica em Homs, Ghadeer Mohammed Ibrahim Qara Bulad, é uma batalha difícil.

“Em uma das minhas visitas, eu vi uma mulher apanhando do marido durante o toque de recolher. Acredito que a porcentagem de casos de violência de gênero irá crescer dramaticamente [durante a pandemia]”, afirma.

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