Presidente sírio quer justiça pelos crimes de Assad, mas sem confrontar a Rússia — saiba como

Ahmad al-Sharaa afirma que buscará a punição do ex-líder sírio por meios legais, destacando que um conflito com Moscou seria “muito custoso” para o país

O presidente da Síria, Ahmad al-Sharaa, afirmou nesta segunda-feira (13) que o governo sírio pretende responsabilizar Bashar al-Assad pelos crimes cometidos durante seu regime, utilizando “todos os meios legais possíveis”. Segundo ele, a busca por justiça será conduzida sem provocar confronto com a Rússia, país que atualmente oferece asilo ao ex-líder. As informações são da Anadolu.

“Gerações inteiras sofreram um trauma psicológico profundo. É essencial que este período de libertação devolva às pessoas a esperança no retorno e na reconstrução”, declarou Sharaa em entrevista à CBS News.

Ao recordar sua chegada ao poder, Sharaa afirmou que assumir o palácio presidencial foi “uma experiência amarga”, pois “muita maldade contra o povo sírio saiu deste lugar desde sua construção”.

Presidente sírio Bashar al-Assad durante visita à Rússia em 2015 (Foto: WikiCommons)

O novo governo, formado em janeiro após a queda do regime do Partido Baath, busca restaurar a estabilidade interna sem romper alianças internacionais. “Não realizamos nenhuma ação fora do território sírio, nem atacamos ninguém além do regime. Libertamos o povo da opressão imposta por um governo criminoso”, acrescentou o presidente.

Assad pode ser julgado por crimes contra o povo sírio

Sobre o destino do ex-presidente, Sharaa foi direto:

“Usaremos todos os meios legais possíveis para exigir que Bashar al-Assad seja levado à justiça”.

Apesar disso, o atual líder sírio destacou que entrar em conflito com Moscou seria “extremamente custoso” e “não está no interesse da Síria”.

Em setembro, o juiz investigador de Damasco, Tawfiq al-Ali, expediu um mandado de prisão à revelia contra Assad, preparando o encaminhamento do caso à Interpol.

Assad vive sob asilo russo

Após sua queda do poder em dezembro de 2024, a Rússia concedeu asilo humanitário a Assad e à sua família. O ex-presidente, que governou por quase 25 anos, deixou o país no fim de 2024, encerrando décadas de domínio do Partido Baath, no poder desde 1963.

A administração de transição, liderada por Ahmad al-Sharaa, tenta reconstruir a Síria após anos de guerra civil, destruição e crise humanitária.

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