Em maio de 2023, a ONU (Organização das Nações Unidas) publicou um relatório dizendo que a Al-Qaeda “tem um porto seguro” no Afeganistão, sob o abrigo do Taleban. A suspeita foi reforçada nesta semana pelo Long War Journal, uma publicação da Fundação para a Defesa das Democracias, com sede nos EUA, segundo a qual combatentes estrangeiros foram convocados para treinar em território afegão.
O veículo informativo diz que o suposto líder da Al-Qaeda, Saif al-Adel, usou o principal veículo de mídia da organização terrorista para conclamar seus seguidores a rumar ao Afeganistão e treinar ao lado dos talibãs, tendo assim condições de “aprender com suas condições e se beneficiar da sua experiência”, referindo-se ao grupo radical que governa o país.
“Isto oferece o apelo mais claro e aberto aos estrangeiros para se juntarem às fileiras da Al-Qaeda no Afeganistão desde que os talibãs capturaram o país em 2021. A mensagem de al-Adel serve assim para declarar oficialmente o Afeganistão como um porto seguro para a Al-Qaeda e os seus planos futuros”, diz a publicação.

A revelação do Long War Journal de que a Al-Qaeda vem sendo acolhida no Afeganistão é compatível com o relatório da ONU, o qual afirma que a organização terrorista “permanece no sul e leste do Afeganistão, onde tem uma presença histórica.”
A avaliação das Nações Unidas era de que a facção tinha entre 180 e 400 combatentes no país à época, embora Estados-Membros estimassem um contingente menor. Ele seria composto sobretudo por cidadãos de Bangladesh, Índia, Mianmar e Paquistão.
A mais forte evidência de que o Taleban dá abrigo à Al-Qaeda foi registrada em agosto de 2022, quando o então líder da organização, Ayman al-Zawahiri, foi morto em território afegão em um ataque das Forças Armadas dos EUA. Mais tarde, em fevereiro de 2023, o Conselho de Segurança da ONU afirmou que al-Adel, que supostamente vive escondido no Irã, teria assumido a posição de liderança.
A ONU ainda reforçou a proximidade entre Al-Qaeda e Taleban ao lembrar que a organização terrorista parabenizou publicamente os radicais afegãos pela tomada ao poder em agosto de 2021. E alegou que um filho de Osama Bin Laden, Abdallah, visitou o Afeganistão em outubro daquele ano para reuniões com lideranças talibãs.
A convocação de al-Adel para que mais combatentes se juntem à al-Qaeda no Afeganistão surge no contexto da guerra entre Israel e Hamas, que já havia levado grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI) a incentivar seguidores a realizar ataques contra nações que apoiam o Estado judeu.
O líder extremista faz tal referência na convocação, ao afirmar que “a continuação do genocídio [em Gaza] exige que os povos islâmicos ataquem todos os interesses sionistas.” Ele igualmente convoca “células adormecidas” a realizar ataques em nações ocidentais, argumentando que eles serviriam como uma “força de dissuasão” contra novos “crimes” ocidentais.