Yahya Sinwar, o líder militante palestino que passou duas décadas preso em Israel antes de ascender ao comando do Hamas e planejar o ataque mais mortal contra o Estado judeu em sua história, morreu nesta quinta-feira (17) durante ofensiva das forças israelenses. A cabeça do “Açougueiro de Gaza“, como era chamado pelos inimigos, estava a prêmio: líderes israelenses prometeram capturá-lo, e os militares distribuíram panfletos no enclave oferecendo uma recompensa de US$ 400 mil (R$ 2,2 milhões) por informações sobre seu paradeiro. As informações são do New York Times.
Nascido em 29 de outubro de 1962 no campo de refugiados de Khan Younis, na Faixa de Gaza, Sinwar foi um dos líderes mais influentes e controversos do Hamas. Sua trajetória é marcada por uma combinação de astúcia, brutalidade e uma habilidade notável para sobreviver e prosperar em meio a adversidades extremas.
Sinwar ingressou no Hamas na década de 1980, durante a primeira Intifada (termo árabe para se referir a uma rebelião popular contra um cenário de opressão), e rapidamente se destacou por sua liderança na unidade de inteligência do grupo, responsável por punir colaboradores palestinos com Israel. Em 1989, foi preso e condenado a várias penas de prisão perpétua por seu envolvimento em assassinatos. No entanto, foi libertado em 2011 como parte de uma troca de prisioneiros que envolveu o soldado israelense Gilad Shalit.
Após sua libertação, Sinwar ascendeu rapidamente nas fileiras do Hamas, tornando-se líder do grupo na Faixa de Gaza em 2017. Ele foi um dos principais arquitetos dos ataques de 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de 1,2 mil pessoas.
Sinwar era conhecido por utilizar uma vasta rede de túneis subterrâneos na Faixa de Gaza. Esses túneis, muitas vezes chamados de “cidade subterrânea”, foram usados para contrabandear armas, esconder-se de ataques do Estado judeu e manter reféns israelenses em cativeiro.
O militante, inclusive, passou grande parte do último ano escondido entre civis em Gaza, tanto acima quanto abaixo do solo, utilizando essa rede de túneis para evitar a captura.
A rede de túneis do Hamas é uma parte essencial de sua estratégia militar, permitindo mobilidade e proteção contra ataques aéreos. Sinwar, com sua experiência e liderança, foi fundamental na manutenção e expansão dessa infraestrutura subterrânea.
O legado de Sinwar entre os palestinos é intricado. Ele criou uma força que conseguiu enfrentar os militares mais avançados do Oriente Médio, mesmo sob um rígido bloqueio israelense-egípcio em Gaza. No entanto, o ataque de 7 de outubro fez com que Israel se comprometesse a não apenas derrubar o governo de 17 anos do Hamas em Gaza, mas também a erradicar o grupo completamente.
Embora Sinwar tenha conseguido trazer novamente a causa palestina para o centro das atenções mundiais, ele não teve sucesso em aproximar seu povo da independência ou da formação de um estado. Esse fracasso veio a um custo enorme para os palestinos que ele alegava libertar. Em resposta ao ataque do Hamas, Israel reduziu grande parte de Gaza a escombros, resultando na morte de mais de 42 mil palestinos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.