Relatório aponta Israel como responsável por 43% das mortes de jornalistas no mundo em 2025

Documento da Repórteres Sem Fronteiras também coloca o Estado judeu entre os países que mais detêm profissionais da imprensa estrangeira

Um relatório divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta que Israel foi responsável por 43% das mortes de jornalistas registradas em todo o mundo ao longo de 2025. O levantamento indica que o cenário global para a liberdade de imprensa se agravou, com aumento de assassinatos, detenções e desaparecimentos de profissionais da comunicação.

De acordo com o documento, 67 jornalistas foram mortos durante o ano, sendo que ao menos 53 dessas mortes ocorreram em contextos classificados como práticas criminosas envolvendo forças militares ou organizações do crime organizado. Gaza concentra quase metade dos casos atribuídos ao Exército israelense, segundo a RSF.

Grupo de jornalistas durante cobertura de conflito em Gaza (Foto: WikiCommons)

O relatório também destaca que, desde outubro de 2023, centenas de jornalistas palestinos morreram em decorrência das ofensivas militares em Gaza. Parte significativa das vítimas foi atingida enquanto exercia atividades profissionais ou identificada como integrante da imprensa.

Além das mortes, Israel aparece como o segundo país que mais prendeu jornalistas estrangeiros em 2025. Ao todo, 20 profissionais palestinos foram detidos no período, somando-se a outros 16 presos em Gaza e na Cisjordânia ocupada nos dois anos anteriores.

O documento contextualiza os números no cenário mais amplo do conflito, que já resultou em mais de 70 mil mortes em Gaza desde outubro de 2023, a maioria de mulheres e crianças, além de mais de 171 mil feridos.

No mundo

O relatório da RSF também traça um panorama global da violência contra jornalistas. O México é apontado como o segundo país mais perigoso do mundo para a categoria, com nove mortes registradas em 2025. Cerca de 72% dos jornalistas que seguem desaparecidos desapareceram em países do Oriente Médio ou da América Latina.

Em 1º de dezembro de 2025, havia 503 jornalistas presos em 47 países ao redor do mundo. A China segue como o país com o maior número de profissionais da imprensa detidos, somando 121 casos, seguida pela Rússia, com 48, e por Mianmar, com 47. Sob o governo de Vladimir Putin, Moscou lidera o ranking de prisões de jornalistas estrangeiros, com 26 detenções, logo à frente de Israel, que aparece com 20 casos.

Segundo a organização, a maior parte dos jornalistas assassinados foi morta em seus próprios países, o que evidencia o caráter interno e estrutural das ameaças à liberdade de imprensa. Apenas dois casos ocorreram fora do país de origem das vítimas.

O relatório chama atenção ainda para a situação no Sudão, onde jornalistas enfrentam abusos graves em meio ao conflito armado. As Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês) são apontadas como responsáveis pela morte de quatro profissionais neste ano, incluindo dois que haviam sido sequestrados.

Na Síria, o documento informa que 37 jornalistas seguem desaparecidos, a maioria após prisões realizadas durante o governo de Bashar al-Assad ou sequestros atribuídos ao Estado Islâmico (EI). Assad deixou o país em dezembro de 2024, encerrando décadas de governo do Partido Baath.

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