A suspeita de que 12 funcionários da Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) colaboraram com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 pode ser só a ponta do iceberg. Um dossiê da inteligência israelense, ao qual a agência Reuters teve acesso, diz que são cerca de 190 os agentes do grupo radical palestino infiltrados na ONU (Organização das Nações Unidas).
Embora o documento fale em quase duas centenas de suspeitos, apenas 11 tiveram suas identidades reveladas por Israel, como nomes e fotos no dossiê. Além do Hamas, outro grupo que teria agentes infiltrados nas Nações Unidas seria a Jihad Islâmica Palestina (JIP).
A denúncia feita por Israel levou a UNRWA a demitir alguns dos acusados, vez que nem todos foram identificados, enquanto um deles morreu. O dossiê inclusive cita quais teriam sido os papeis de determinados suspeitos no ataque do Hamas que matou cerca de 1,2 mil pessoas e levou ao sequestro de 253.
Um suspeito seria um conselheiro educacional que teria ajudado o filho a sequestrar uma mulher durante a operação realizada pelo Hamas no território israelense. Outro, um assistente social da agência, teria ajudado o grupo radical a roubar o cadáver de um soldado israelense e coordenado a distribuição de armas e o movimento dos veículos na invasão palestina.
Há, ainda, dois funcionários da UNRWA que teriam participado ativamente do ataque armado a Israel, inclusive à festa de música eletrônica que se tornou símbolo do massacre, com mais de 300 mortos.
A agência tem cerca de 13 mil funcionários, e Israel afirma que cerca de 10% deles têm ao menos uma ligeira relação com Hamas e JIP. Já os 190 citados foram classificados como “combatentes endurecidos, assassinos”, por uma autoridade israelense ouvida pela Reuters.
As denúncias levaram uma série de países a retirarem o apoio financeiro à UNRWA enquanto o caso é apurado pelo mais alto órgão de investigação da ONU, o Gabinete de Serviços de Supervisão Interna. Sem o dinheiro de financiadores como EUA e Reino Unido, Alemanha e Canadá, entre outros, a operação humanitária em Gaza “está em colapso”, segundo o comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini.