Síria vive nova escalada do conflito, com o Estado Islâmico recuperando força

Membro da Comissão de Inquérito das Nações Unidas afirma que o país está “desmoronando” e que grupos que pareciam derrotados estão voltando

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Quando um grupo ligado à organização terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu a responsabilidade pelo ataque mortal a uma sala de concertos de Moscou, em 22 de março, um dos pretextos alegados foi o envolvimento da Rússia na guerra civil da Síria

O conflito, que se prolonga por mais de 13 anos, se transformou em uma “guerra por procuração” envolvendo várias potências estrangeiras. E, apesar de raramente chegar às manchetes, continua tendo um efeito terrível sobre a população civil.

O retorno do EI

No início de março, a Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre a Síria divulgou um relatório que detalha uma escalada nos combates, ataques a civis e infraestruturas que poderiam constituir crimes de guerra.

Membros das FDS (Forças Democráticas Sírias), abril de 2018 (Foto: Wikimedia Commons)

O vice-diretor e membro sênior do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova York, Hanny Megally, é membro da Comissão desde 2017. Ele disse à ONU News que, embora já tenham se passado cinco anos desde a última vez que o EI ocupou territórios na Síria, o grupo continua ganhando força.

Segundo ele, o país está “desmoronando” e alguns grupos que pareciam derrotados estão voltando, sem que nenhuma das “causas profundas” do conflito tenham sido tratadas. A Comissão aponta que o EI vem aumentando sua força na Síria e, só este ano, já cometeu mais de 35 ataques.

O papel das grandes potências

O especialista explicou que a Rússia e o Irã apoiam o governo sírio, enquanto a coalizão liderada pelos Estados Unidos “reforça a autoridade curda autônoma” no nordeste sírio. Ao mesmo tempo, no noroeste, a Turquia apoia grupos armados de oposição e Israel tem como alvo o que considera serem forças pró-iranianas no terreno. Por fim, a Jordânia “persegue traficantes de drogas no sul”.

Megally afirmou que é “triste” constatar que “o envolvimento destes Estados prolongou o conflito”. Para ele, a Síria se tornou um lugar onde essas potências podem “testar armas, usar armas antigas que já não precisam e atacar uns aos outros” de forma indireta.

O membro da comissão relatou uma grande escalada nos últimos seis meses. Segundo ele, a Turquia está perseguindo os combatentes curdos e está atingindo infraestruturas como centrais elétricas e estações de tratamento de água que são essenciais para a sobrevivência da população civil. 

Além disso, metade dos hospitais foram destruídos e houve um êxodo de pessoal médico.

Tags: