“Sistema de saúde do Afeganistão está à beira do colapso”, afirma chefe da OMS

Tedros Ghebreyesus cita quase 2 milhões de vacinas contra Covid-19 não usadas e pede urgência em ações para se evitar uma catástrofe

Com o sistema de saúde do Afeganistão à beira do colapso, a ONU (Organização das Nações Unidas) vai liberar uma verba adicional de US$ 45 milhões para o setor. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (22) por Martin Griffiths, subsecretário-geral do órgão para assuntos humanitários.

O anúncio é consequência de uma visita que o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, fez a Cabul, a capital afegã. Ele teve reuniões com líderes do Taleban, trabalhadores de saúde, pacientes e funcionários da OMS, e a constatação é de que o sistema de saúde afegão “está à beira do colapso”. Segundo ele, é necessária uma ação urgente, pois o “país enfrenta uma iminente catástrofe humanitária”. 

De acordo com Griffiths, a verba será utilizada para a compra de medicamentos, equipamentos médicos e combustível, que está em falta no país e cuja escassez afeta o sistema hospitalar afegão. Ele lamentou ainda o fato de muitos trabalhadores do setor estarem sem receber salários.

Equipe de imunização à poliomielite no Afeganistão, dezembro de 2020 (Foto: Reprodução/Twitter/PolioFreeAfghanistan)

O chefe da OMS explicou que a visita ao Afeganistão serviu para ver de perto quais as principais necessidades da população e definir maneiras de aumentar, com urgência, a resposta ao sistema de saúde. 

Ghebreyesus afirmou que, “com base nos princípios da ONU de neutralidade e independência”, foi possível ter um “diálogo construtivo sobre diferenças e encontrar soluções para que a agência possa continuar ajudando milhões de afegãos inocentes, afetados por décadas de conflito”. 

O maior projeto de saúde do país, Sehetmandi, está funcionando com apenas 17% da capacidade. Ghebreyesus afirmou que já há impactos negativos nos esforços para combater a pólio, tratar de pacientes em situação de emergência ou com Covid-19

A situação é tão grave que o chefe da OMS afirmou que muitos profissionais de saúde do Afeganistão acabam tendo que tomar a difícil decisão sobre salvar pacientes ou deixá-los morrer. 

As taxas de vacinação contra a Covid-19 também estão em declínio e existem 1,8 milhão de doses no país que continuam sem ser usadas. Além disso, o Afeganistão é uma das duas nações do mundo onde a pólio continua endêmica e por isso é importante continuar o trabalho para se erradicar a doença. 

A OMS e parceiros já estão prontos para uma campanha de vacinação porta-a-porta contra a pólio e também contra o sarampo e a Covid-19. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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