Taleban ‘degradou significativamente’ facção do Estado Islâmico, segundo enviado dos EUA

Representante especial dos EUA para o Afeganistão diz que ao menos oito importantes líderes do EI-K foram mortos neste ano

As operações do Taleban contra o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) têm sido “bem-sucedidas” e degradam “significativamente” a capacidade da organização terrorista. A afirmação foi feita por Tom West, representante especial dos EUA para o Afeganistão, segundo relatou a rede Voice of America (VOA).

A autoridade norte-americana comentou a situação de segurança no Afeganistão na terça-feira (12), durante seminário organizado pelo think tank Stimson Center, em Washington.

“Eles (os talibãs) têm uma ofensiva violenta muito agressiva em andamento que degradou significativamente a capacidade do EI-K”, disse West. “Acho notável que, desde o início de 2023, os ataques talibãs no Afeganistão tenham removido pelo menos oito líderes importantes do EI-K, alguns responsáveis ​​por conspirações externas.”

Devido ao sucesso da ofensiva talibã, os ataques terroristas contra civis no Afeganistão passam por uma “diminuição constante”, segundo o representante. “Houve ataques horríveis, em grande parte contra a população Hazara, mas não vimos um regresso a esse tipo de ataques desde então”, afirmou.

Combatentes do Estado Islâmico-Khorasan no Afeganistão (Foto: reprodução de vídeo)

Se o EI-K está enfraquecido, outro grupo local ganhou força ultimamente. Trata-se do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão, que mantem boa relação com o Taleban afegão e realiza seus ataques no território paquistanês.

Embora sigam os mesmos preceitos fundamentalistas e sejam ambos grupos sunitas, o Taleban afegão e o homônimo paquistanês são entidades separadas que mantêm uma relação cordial. Os principal inimigo do TTP é o governo paquistanês, com quem chegou a firmar acordos de paz posteriormente rompidos.

West destaca a aliança especialmente firme entre os dois grupos durante o período de ocupação estrangeira no Afeganistão. “Eles (o TTP) se tornaram aliados do Taleban durante a guerra. Eram apoiadores financeiros, logísticos e também aliados operacionais. Acho que os laços entre eles são bastante estreitos”, disse o norte-americano.

Porém, o representante afirma que não é possível estabelecer os limites dessa aliança. “Quanto a saber se o Taleban apoia os ataques TTP contra o Paquistão, essa é uma questão difícil e provavelmente vai além do que posso falar publicamente. Não é segredo que esta é a questão que domina o envolvimento do Paquistão com o Taleban neste momento”, afirmou West.

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.

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