Turquia e Israel adotam barreiras comerciais devido a tensões em Gaza

Ancara restringiu as exportações de 54 produtos para Israel, incluindo alumínio, aço e produtos químicos. O Estado judeu planeja proibir produtos turcos em resposta

As tensões entre Turquia e Israel atingiram um novo patamar nesta terça-feira (9), com o anúncio mútuo de barreiras comerciais. A medida surge em meio à escalada do conflito em Gaza. As informações são da agência Associated Press.

Ancara, que tem sido crítica das ações militares israelenses na região, declarou restrições às exportações de 54 tipos de produtos para o Estado judeu, incluindo alumínio, aço, combustível de aviação, equipamentos de construção, máquinas, cimento, granito, produtos químicos, pesticidas e tijolos. Por sua vez, Israel anunciou planos para proibir produtos turcos em retaliação.

Os anúncios foram feitos um dia depois que o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, acusou Israel de bloquear a participação de aviões militares de carga turcos em operações de ajuda humanitária em Gaza. Fidan também exigiu um cessar-fogo e acesso ininterrupto para a entrega de ajuda à população faminta.

O governo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan está sob crescente pressão interna para cortar laços comerciais com Israel. Críticos acusam Erdogan de hipocrisia ao condenar Israel publicamente, enquanto mantém relações comerciais lucrativas com o país.

Protesto pró-Palestina na Turquia (Foto: WikiCommons)

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, reagiu ao anúncio da Turquia, acusando Erdogan de priorizar o apoio ao grupo militante Hamas em Gaza em detrimento dos interesses econômicos do povo turco, repercutiu a agência Al Jazeera.

Katz afirmou que Israel adotará medidas para prejudicar a economia turca em resposta, incluindo restrições a algumas importações da Turquia. Ele também instou organizações sediadas nos Estados Unidos a interromperem seus investimentos em território turco e pediu ao Congresso americano que imponha sanções ao país.

Erdogan, cujo partido tem origens no movimento islâmico, tem criticado abertamente Israel pelo tratamento dos palestinos desde que assumiu o cargo em 2003. Suas críticas se intensificaram após a recente ofensiva militar em Gaza, onde ele descreveu as ações de Israel como crimes de guerra próximos ao “genocídio”. Ele também defendeu o grupo terrorista Hamas ao dizer que, embora o governo israelense possa considerá-los terroristas, assim como o Ocidente, ele os descreveu como “mujahidin” (guerreiros santos) que estão “defendendo suas terras”.

Mais de 33 mil pessoas perderam a vida durante a guerra iniciada há seis meses entre Israel e Gaza, de acordo com autoridades de saúde palestinas. Muitos países expressaram indignação com o número de mortos e a crise humanitária causada pelos ataques e bloqueio de Israel.

Israel iniciou o ataque em resposta aos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro, que resultaram na morte de 1.139 pessoas, de acordo com dados da Al Jazeera baseados em estatísticas israelenses.

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