O presidente turco Recep Tayyip Erdogan fez críticas a Israel e seus apoiadores em um discurso forte nesta quarta-feira (25) no parlamento, instando os líderes mundiais a buscarem um cessar-fogo em Gaza em apoio aos palestinos. Afirmou ainda que, embora o governo israelense possa considerar o Hamas uma organização terrorista, assim como o Ocidente, ele os descreveu como “mujahidin” (guerreiros santos) que estão “defendendo suas terras”. As informações são do jornal Times of Israel.
Erdogan também disse que cancelou a ida a Tel Aviv devido à guerra, que ele classificou como “desumana”. “Tínhamos planos de ir a Israel, mas foram cancelados, não iremos”, comunicou.
O líder turco acrescentou que o Hamas não é considerado um grupo terrorista pela Turquia, citando a posição contrária à de aliados turcos na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Para Erdogan, a organização nacionalista e islamista é um “movimento de libertação” que busca “proteger suas terras e cidadãos”. E foi aplaudido de pé pela fala.

Nesse mesmo cenário de turbulência diplomática, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, que estava no Catar, acusou Israel de cometer “um crime contra a humanidade” em sua campanha em Gaza. Ele condenou os ataques a palestinos, incluindo crianças, pacientes e idosos, que segundo ele ocorrem em escolas, hospitais e mesquitas.
Muitos países ocidentais, ao contrário, têm destacado o direito de Israel de se defender após o ataque de 7 de outubro por militantes do Hamas a cidades e kibutzim israelenses, que resultou na morte de 1,4 mil pessoas, principalmente civis.
Erdogan a Putin: ação em Gaza é “selvageria”.
Na terça-feira (24), Erdogan, fez um apelo ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, expressando preocupação de que o “silêncio” dos países ocidentais estava agravando a crise humanitária em Gaza, conforme divulgado pelo gabinete presidencial do turco, repercutiu o Yahoo News.
Em um comunicado, a presidência informou que Erdogan compartilhou com o chefe do Kremlin sua preocupação com a intensificação da violência nas terras palestinas, descrevendo-a como “selvageria” que resulta na constante perda de vidas civis.
Além disso, Erdogan reiterou o compromisso da Turquia, um membro da Otan, em trabalhar para restabelecer a calma na região, conforme destacado no documento oficial.
Saldo de mortos
A brutal campanha de bombardeamentos de Israel sobre Gaza começou em 7 de outubro, após um ataque surpresa do Hamas no sul do país, que foi chamado por autoridades locais de o “11 de setembro israelense.”
De acordo com os palestinos, esses ataques israelenses resultaram na morte de pelo menos 6.546 pessoas, incluindo mais de 2.704 crianças e 1.584 mulheres. Além disso, cerca de 1,6 mil pessoas, incluindo 900 crianças, estão desaparecidas e acredita-se que estejam presas sob os escombros.
De acordo com autoridades israelenses, cerca de 1,4 mil pessoas foram mortas em Israel durante o ataque liderado pelo Hamas, a maioria delas consideradas civis. Pelo menos outras 220 foram feitas prisioneiras em Gaza, incluindo soldados e civis.