O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) relatou um aumento nos níveis de transtornos mentais entre a população da Faixa de Gaza, especialmente entre as crianças, muitas das quais já precisavam de serviços de saúde mental e apoio psicossocial.
Durante três dias violentos no início de agosto, até que um cessar-fogo fosse alcançado em 7 de agosto, as Forças de Defesa de Israel lançaram cerca de 147 ataques aéreos contra alvos em Gaza, enquanto militantes palestinos lançaram cerca de 1.100 foguetes e morteiros em Israel.
Informando o Conselho de Segurança em 8 de agosto, Tor Wennesland, coordenador especial para o processo de paz no Oriente Médio, informou que 46 palestinos foram mortos e 360 feridos, além de 70 israelenses feridos.
Dezessete crianças palestinas estavam entre os mortos em Gaza em agosto, e o conflito está afetando fortemente todos os jovens que vivem na Faixa, disse Adele Khodr, diretora regional do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, em um comunicado de boas-vindas ao cessar-fogo.
“Para muitas crianças, este foi o quinto conflito nos últimos 15 anos. Muitas já vivem com os efeitos psicológicos de longo prazo da exposição constante à violência”, observou Khodr.
Depois de visitar uma família em Gaza cuja casa foi severamente danificada no conflito, Lynne Hastings, Coordenadora Humanitária da ONU para o Território Palestino Ocupado, disse que “a situação humanitária em Gaza já está se deteriorando, e esta última escalada só piorará as coisas. Estamos prontos para trabalhar com todas as partes para garantir que as necessidades humanitárias sejam atendidas”.
Falando em um workshop organizado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA), Yousef Shahin, chefe do programa de prevenção e controle de doenças, disse que o programa de saúde mental e apoio psicológico para tratar mais de 87 mil casos é um dos mais importantes do tipo na Faixa de Gaza.
“Estamos trabalhando agora no processo de levantamento de casos e, se for constatado que é necessário apoio psicológico, abre-se um dossiê, acompanha-se e trata-se. Os sintomas comuns incluem depressão e epilepsia, e há outros casos relacionados à doenças físicas crônicas, que são de origem psicológica”.
Por sua vez, Sami Owaida, do programa de saúde mental de Gaza, atribuiu os desafios psicológicos enfrentados pelos moradores à ocupação israelense e ao bloqueio da Faixa, que já dura mais de 15 anos. “Mais de 65% da população de Gaza vive abaixo da linha da pobreza e mais de 60% estão desempregados.”
Os comentários foram ecoados por Ghada Al Jadba, chefe do programa de saúde da UNRWA, que disse que as pessoas em Gaza vivem “em um estado de frustração e deterioração psicológica como resultado da deterioração das condições econômicas, sociais e políticas”.
“O conflito em maio de 2021 [no qual grande parte da Cidade de Gaza foi destruída e centenas foram mortos ou feridos], levou a um choque psicológico, além de lidar com cortes de eletricidade e água, altas taxas de pobreza e desemprego – todos fatores que levou à deterioração da já agravada situação de saúde e psicológica dos moradores de Gaza”.
Mais de dois milhões de pessoas vivem na Faixa de Gaza: há apenas um hospital de saúde mental, com capacidade para 50 leitos, para atender as cinco províncias da Faixa.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News