OMS anuncia corte financeiros após decisão dos EUA de se retirarem da organização

A medida gerou repercussão global, com críticas sobre os impactos na saúde pública e novas incertezas políticas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma série de medidas de contenção financeira em resposta à decisão dos Estados Unidos de deixar a entidade. O corte de recursos por parte do maior financiador da organização teve um impacto significativo em suas operações, conforme detalhado em um e-mail interno obtido pelo Politico.

Entre as ações imediatas, a OMS decidiu congelar novas contratações, com exceção de áreas consideradas essenciais, e reduzir drasticamente os custos com viagens. Além disso, reuniões devem ser realizadas exclusivamente no formato virtual, salvo em situações excepcionais, enquanto missões técnicas aos países serão limitadas ao estritamente necessário.

Outras medidas incluem a renegociação de contratos, a suspensão de reformas e investimentos em infraestrutura, salvo em casos que envolvam segurança ou redução de custos, e restrições à substituição de equipamentos de tecnologia.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa sobre o Ebola na República Democrática do Congo, em Genebra, maio de 2018 (Foto: UN Photo)
Declaração do diretor-geral

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou a decisão dos Estados Unidos em mensagem enviada aos funcionários. “Lamentamos profundamente essa decisão e esperamos que a nova administração reconsidere. Essa situação agravou ainda mais nossas dificuldades financeiras, criando incertezas significativas para nossos colaboradores”, afirmou no comunicado.

Ele também destacou que novas medidas serão implementadas nos próximos meses e incentivou os funcionários a sugerirem formas de melhorar a eficiência da organização e mobilizar recursos.

Repercussão internacional

Fifa Rahman, consultora global em saúde, classificou os cortes como um “enorme golpe” para os Estados Unidos. Segundo ela, a decisão pode expor o país a maiores riscos em futuras crises sanitárias. “Sem a OMS, e considerando os problemas de desinformação enfrentados durante a última pandemia, os Estados Unidos precisarão de muita sorte no futuro”, disse em entrevista ao Politico.

Enquanto isso, na Europa, Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro italiano e líder da extrema direita, anunciou um projeto de lei para retirar a Itália da OMS. Apesar disso, uma porta-voz da primeira-ministra Giorgia Meloni declarou que ainda não há uma posição oficial do governo italiano sobre a proposta, conforme noticiado pela agência AFP.

Contexto da decisão

Os Estados Unidos, historicamente o maior contribuinte financeiro da OMS, alegaram divergências com a gestão da organização, especialmente durante a pandemia de Covid-19. A retirada gera um impacto considerável, já que o financiamento norte-americano representava uma parcela significativa do orçamento da entidade.

A medida ocorre em um momento crítico, no qual a OMS busca reforçar sua atuação global frente a desafios como pandemias, mudanças climáticas e o fortalecimento de sistemas de saúde em países vulneráveis.

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