Lukashenko diz que Belarus e Rússia farão exercícios militares conjuntos em fevereiro

Manobras serão realizadas perto das fronteiras com a Ucrânia e com Estados-membros da Otan, segundo o líder belarusso

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, anunciou nesta segunda-feira (17) que seu país e a Rússia realizarão exercícios militares conjuntos perto das fronteiras com a Ucrânia e com Estados-membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As manobras, batizadas Allied Resolve (Determinação Aliada, em tradução livre), estão agendadas para fevereiro, segundo o jornal independente The Moscow Times.

“Foram feitos planos para lançar o exercício em fevereiro”, disse Lukashenko, segundo a agência de notícias estatal belarussa Belta. “Por favor, divulgue essa data específica para que ninguém possa nos acusar de ter tropas reunidas de repente e de estarmos quase prontos para ir à guerra”.

Lukashenko disse que ele e Putin concordaram, ainda em dezembro de 2021, que realizariam exercícios militares fortes nas fronteiras oeste e sul de Belarus. “Esses exercícios devem aperfeiçoar os planos para enfrentarmos as potências ocidentais”, disse o presidente belarusso em vídeo compartilhado pelo aplicativo de mensagens Telegram.

Minsk alega que os exercícios são uma resposta justa ao aumento das tropas na Polônia e nos Estados bálticos membros da Otan, quais sejam Estônia, Letônia e Lituânia. “[Nossa] reação será absolutamente adequada e transparente”, disse Pavel Muravieko, vice-chefe do Estado-Maior Geral de Belarus, que relata a presença de 20 mil tropas polonesas e 12 mil dos países bálticos nas regiões fronteiriças.

Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, em reunião com a cúpula militar local (Foto: reprodução/eng.belta.by)

Por que isso importa?

O anúncio de Lukashenko ocorre em meio à escalda da tensão entre Ucrânia e Rússia, que explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou, em 2014. Paralelamente, Moscou também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril daquele mesmo ano.

O conflito armado no leste ucraniano, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe ao governo da Ucrânia as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte militar russo.

Desde o ano passado, Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.

Especialistas calculam que a Rússia tenha até 100 mil soldados nas proximidades da Ucrânia, sendo necessária uma força de 175 mil para invadir, além de mais combustível e munição. Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam o país vizinho pela Crimeia e por Belarus.

Um eventual conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a fortalecer suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, suas tropas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.

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