A ameaça do terrorismo islâmico foi reduzida nos últimos anos, perdendo assim o primeiro lugar entre as prioridades de segurança do Ocidente. A constatação aparece no relatório “Avaliação da ameaça global do terrorismo 2024”, publicado na quinta-feira (8) pelo think tank norte-americano Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
“A ameaça de grupos jihadistas salafistas, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI), é relativamente baixa em comparação com as últimas décadas”, diz o estudo. “No entanto, uma colcha de retalhos mais ampla de ideologias violentas de extrema direita e de extrema esquerda tornou-se mais proeminente no cenário global, nomeadamente através do cultivo de ligações e influências transnacionais.”
Esses grupos extremistas domésticos, de acordo com o relatório, têm sido inflamados em parte pela ação da Rússia, que investe em “operações de desinformação para fomentar a agitação interna e, potencialmente, o terrorismo interno, em países como os Estados Unidos.”
Quanto ao terrorismo islâmico, a constatação é a mesma de estudos semelhantes anteriores. O CSIS diz que tais grupos passam por um processo de migração, trocando o Oriente Médio, sua zona de origem, pela África, hoje o principal reduto global do extremismo salafista. Por lá, as principais áreas de atenção são o Sahel, a bacia do Lago Chade e a Somália.
Embora os planos de ultrapassar as fronteiras continentais para atacar o Ocidente ainda existam, grupos ligados à Al-Qaeda e ao EI “não possuem os recursos necessários para planejar e executar ataques externos”, de acordo com o think tank.
Entre aqueles que ainda representam uma ameaça imediata aos EUA e seus aliados, o relatório destaca o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), do Afeganistão e o Al-Shabaab, afiliado à Al-Qaeda na Somália, dois dos grupos mais ativos do mundo atualmente. Além do próprio EI, citado igualmente no relatório, embora tenha perdido bastante força nos últimos anos.
Também surgem em destaque organizações atualmente em evidência, casos do Hezbollah, do Líbano, dos Houthis, do Iêmen, e de milícias xiitas iraquianas. Nesses casos, o que ajuda a fortalecer tais entidades é o apoio iraniano, particularmente da Força Quds, o braço de operações no exterior do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
Se o terrorismo islâmico deixou o topo da lista de prioridades de segurança dos aliados ocidentais, novos fatores de risco se apresentam. “Os Estados Unidos enfrentam uma ameaça significativa e crescente da China, ameaças contínuas da Rússia e de outros adversários estatais e riscos de segurança acrescidos decorrentes das alterações climáticas, surtos pandêmicos e outros desafios globais.”