Exército da Dinamarca deixou veículos fortemente blindados nas mãos do Taleban

Para especialistas, carros à prova de minas podem dar ao Taleban uma vantagem militar nas lutas internas no Afeganistão

A Dinamarca deixou para trás 27 veículos militares fortemente blindados ao abandonar o Afeganistão em agosto, durante a retirada das tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em meio ao avanço do Taleban. Há indícios de que o grupo extremista esteja utilizando os artefatos militares que ficaram no país, segundo a agência russa Sputnik.

Os veículos táticos, especialmente desenvolvidos para lidar com insurgências, são do tipo MRAP (blindado contra minas) e foram alugados dos EUA em 2014 para auxiliar a missão dinamarquesa nos trabalhos da coalizão, oferecendo mobilidade, proteção e poder de combate. Eles contam com uma torre giratória que pode ser equipada com uma metralhadora.

Segundo a Danish Radio, um único MRAP custa até US$ 930 mil. Considerando o valor unitário, a Dinamarca pode ter deixado em solo afegão nas mãos de extremistas equipamento na casa dos US$ 25 milhões.

O abandono do material bélico contraria o lema “não deixe nada para o inimigo”, frase utilizada em um vídeo das forças dinamarquesas antes da saída de Cabul, que mostra fuzis sendo embalados em caixas, equipamentos de informática envoltos em plástico-bolha, dispositivos USB cortados e telefones quebrados por alegadas questões de segurança.

Porém, desde a tomada do poder central pelos talibãs em agosto, surgiram imagens mostrando insurgentes desfilando triunfantes em MRAPs semelhantes aos que a Dinamarca havia alugado. Para especialistas, como se tratam de carros à prova de balas, isso pode dar ao Taleban uma vantagem militar nas lutas internas no país.

Veículo tático MRAP em uma base no Afeganistão (Foto: U.S. Navy/Divulgação)

Sem responsabilidade

“Eles podem fazer a diferença em um conflito local em terra no Afeganistão. Mas não representam uma ameaça para os EUA, Otan ou Europa”, avalia o analista de Defesa Peter Viggo Jakobsen. Porém, por serem alugados, os veículos se encaixam em um padrão da Dinamarca de deixar para outras nações o que não é de sua responsabilidade direta.

Outros especialistas corroboram que a Dinamarca não tem mais responsabilidade legal pelos veículos blindados, mesmo que eles sejam usados ​​em uma hipotética guerra civil no Afeganistão.

Até o final de maio deste ano, os blindados foram usados ​​pelos serviços de escolta e emergência do exército dinamarquês. No entanto, eles foram devolvidos a Cabul cerca de dez semanas antes de o Taleban ocupar a cidade e a coalizão ocidental dar início à evacuação.

A Dinamarca enviou suas primeiras tropas ao Afeganistão em 2002, um ano depois do início do conflito, chegando a 760 homens. A missão dinamarquesa custou milhões de coroas (moeda local), sofrendo 43 baixas e mais de 210 feridos.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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