Otan encara o ‘amanhecer de uma terceira era nuclear’, diz autoridade militar britânica

Chefe da Otan também denuncia a retórica da Rússia, enquanto a aliança se preocupa com os programas de Coreia do Norte e Irã

Os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão enfrentando o “amanhecer de uma terceira era nuclear”, afirmou o chefe das Forças Armadas do Reino Unido, almirante Sir Tony Radakin, durante discurso no think tank Royal United Services Institute (RUSI), na quarta-feira (4). As informações são da revista Newsweek.

Nos últimos três anos, as relações entre Moscou e Washington — assim como com os demais membros da Otan — atingiram o pior nível desde o fim da Guerra Fria. A invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia trouxe ameaças nucleares frequentes e explícitas. No início de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, colocou suas forças nucleares em alerta máximo, e seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, declarou que os riscos de conflito nuclear se tornaram “consideráveis”.

“Da Rússia, vimos ameaças descontroladas de uso de armas nucleares táticas, grandes exercícios nucleares e ataques simulados contra países da Otan, tudo com o objetivo de nos coagir a não tomarmos as ações necessárias para manter a estabilidade”, afirmou Radakin.

O chefe das Forças Armadas do Reino Unido, almirante Sir Tony Radakin (Foto: Flickr/US Naval Force)

Radakin descreveu a primeira era nuclear como as décadas da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética acumularam vastos arsenais nucleares sob a lógica da dissuasão. Já a segunda era nuclear, segundo o almirante, foi marcada por esforços de desarmamento e combate à proliferação.

“Mas estamos no amanhecer de uma terceira era nuclear, muito mais complexa”, disse, descrevendo esta nova fase como sendo definida por “múltiplos e simultâneos dilemas, tecnologias nucleares e disruptivas em proliferação e a quase total ausência das arquiteturas de segurança que existiam anteriormente”.

Atualmente, Estados Unidos, Reino Unido e França são os países da Otan que possuem armas nucleares, embora bases em outros países europeus também alojem armas nucleares táticas dos EUA. Já a Rússia detém o maior arsenal nuclear do mundo, seguida de perto pelos Estados Unidos. Juntos, Moscou e Washington possuem cerca de 90% das armas nucleares existentes.

O chefe da Otan, Mark Rutte, também criticou a retórica nuclear russa, afirmando que “há muito barulho de sabre vindo da Rússia”. Ele acrescentou: “Temos que garantir que nossa dissuasão seja forte, e ela é forte, para que possamos enfrentar qualquer adversário que tente nos causar dano”.

Embora as ameaças sejam constantes, Radakin ressaltou que há “apenas uma chance remota de um ataque direto significativo da Rússia contra o Reino Unido” ou contra outros Estados-Membros da Otan. Segundo o almirante, Moscou sabe que a resposta das nações da Otan seria “avassaladora, seja convencional ou nuclear”, reforçando a importância de manter uma dissuasão nuclear forte e preparada.

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