O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, abriu um novo capítulo na diplomacia internacional ao se mostrar favorável à presença de tropas ocidentais no país, como parte de uma estratégia para pôr fim à guerra com a Rússia. Em uma postagem recente no Telegram, Zelensky enfatizou que tal movimentação representaria um passo significativo rumo à adesão de Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), mas ressaltou que seria necessário definir primeiro o momento em que o país ingressará na União Europeia (UE) e na aliança militar ocidental. As informações são da Newsweek.
Esses comentários ocorrem em meio a um cenário complexo, onde a Ucrânia enfrenta uma pressão diplomática crescente enquanto a ofensiva russa continua avançando, e a necessidade de apoio internacional se torna mais urgente. Apesar dos esforços contínuos para negociar uma resolução para o conflito, a Rússia segue com vantagem no campo de batalha, o que intensifica os desafios para o governo de Zelensky.

A proposta de permitir tropas ocidentais na Ucrânia gerou reações mistas entre os aliados. Em um momento em que a Rússia ainda ocupa uma parte significativa do território ucraniano, muitos questionam os riscos de uma escalada militar, que poderia desencadear um confronto direto entre potências nucleares. O presidente francês, Emmanuel Macron, havia sugerido essa possibilidade no início do ano, mas sem especificar os países que poderiam se envolver, o que alimentou uma certa “ambiguidade estratégica” no cenário europeu. As reações da Alemanha e da Polônia foram de oposição imediata à ideia, refletindo uma preocupação generalizada com as implicações de uma escalada ainda maior.
A adesão da Ucrânia à Otan segue sendo um ponto de controvérsia nas esferas internacionais. Durante a cúpula da aliança em julho, líderes da aliança atlântica reconhecem que Kiev segue em um caminho “irreversível” para se juntar à aliança, mas a falta de um convite formal reflete as complexidades do momento. As principais potências da aliança, como os Estados Unidos e a Alemanha, têm se mostrado hesitantes em admitir a Ucrânia enquanto ela ainda está em guerra com a Rússia, por receios de que isso possa resultar em uma resposta militar mais agressiva por parte de Moscou.
Outro fator crítico para a adesão ucraniana é a disputa territorial. A Ucrânia, que ainda enfrenta a ocupação russa de partes do seu território, não consegue definir claramente as fronteiras que seriam protegidas pela Otan, o que complica a questão de responsabilidades e a proteção dos países membros.
Em meio a essa diplomacia cautelosa, o governo Biden continua a assegurar um apoio significativo à Ucrânia. Recentemente, Washington anunciou um pacote de ajuda militar que soma quase US$ 1 bilhão, com armas e equipamentos essenciais para a defesa ucraniana. No entanto, com as eleições presidenciais nos EUA em 2024, as perspectivas de apoio futuro à Ucrânia podem ser influenciadas pela eleição de Donald Trump. O ex-presidente, que recentemente se encontrou com Zelensky em Paris, tem defendido um cessar-fogo, mas sem detalhar como essa proposta poderia ser viabilizada sem prejudicar os interesses da Ucrânia.
Por fim, as tensões políticas internas na Alemanha também moldam a postura em relação ao conflito. Enquanto o chanceler Olaf Scholz rejeita a ideia de fornecer mísseis Taurus de longo alcance à Ucrânia, temendo uma escalada do conflito, o líder da oposição, Friedrich Merz, defende um apoio mais agressivo, incluindo o fornecimento de armamentos para atacar diretamente bases russas. Caso Merz seja eleito, a Alemanha pode revisar sua abordagem, alterando o equilíbrio de poder na UE em relação à guerra na Ucrânia.