Índia recusa participação no maior tratado de livre-comércio global e critica China

Nova Délhi abriu mão da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) alegando que não seria "vantajoso" para o país firmar um tratado de livre-comércio com Beijing

O ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, descartou a possibilidade de ingressar na Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), o maior pacto comercial global, afirmando que “não é vantajoso” para o país se envolver em um acordo de livre-comércio com a China. As informações são da rede CNBC.

“A Índia não entrará no RCEP, pois o acordo não se alinha aos princípios fundadores da Asean e não atende aos interesses nacionais de realizar um tratado de livre-comércio com a China”, disse Goyal em entrevista à CNBC.

O mega-tratado RCEP foi firmado em 2020 por 15 países da região Ásia-Pacífico, que representam cerca de um terço da população global e 30% do PIB mundial., com sua implementação a partir de janeiro de 2022. Os signatários incluem os 10 membros da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e cinco de seus principais parceiros comerciais: China, Coreia do Sul, Japão, Austrália e Nova Zelândia.

Ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal (Foto: World Economic Forum/Flickr)

A Índia participou das negociações do RCEP desde 2013, sendo vista como um possível contrapeso à China. No entanto, em 2019, decidiu se retirar, alegando que questões relacionadas a “interesses centrais” permaneciam pendentes, sem especificar quais eram esses pontos.

Na entrevista, Goyal também afirmou que, em 2019, a Índia já possuía acordos de livre comércio com a Asean, Japão e Coreia do Sul, além de um comércio bilateral com a Nova Zelândia, totalizando US$ 300 milhões.

“O RCEP não beneficiava nossos agricultores, nem atendia às aspirações das nossas pequenas e microindústrias, sendo basicamente um acordo de livre comércio com a China”, declarou o ministro.

O ministro do Comércio indiano também ressaltou que, visto de fora, pode não ser evidente o quão difícil é competir com uma economia pouco transparente, referindo-se à China.

Goyal afirmou que “certamente ninguém no país apoiaria um acordo de livre comércio com uma economia não transparente, cujas práticas econômicas são muito opacas, e onde os sistemas comerciais e políticos, bem como a gestão econômica, são completamente diferentes dos valores defendidos pelas democracias”.

Ele também acusou a China de se aproveitar das políticas da Organização Mundial do Comércio (OMC) para inundar mercados com produtos de baixo custo que “frequentemente não atendem aos padrões de qualidade”.

O RCEP prevê a eliminação das tarifas de importação ao longo dos próximos 20 anos e abrange questões como propriedade intelectual, telecomunicações, serviços financeiros, comércio eletrônico e serviços profissionais.

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