Rússia denuncia supostos exercícios da Otan com vistas a ataque nuclear contra seu território

General cobra medidas adequadas para 'proteger e defender as fronteiras da Rússia' da 'ameaça nuclear' da aliança militar

A Rússia acusou a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de conduzir treinamentos para ataques nucleares em seu território. O general Vladimir Kulishov, chefe da Administração de Fronteiras do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), fez essa afirmação em uma entrevista à agência russa Ria Novosti, na qual ele alegou que tais exercícios estão ocorrendo perto da fronteira russa. As informações foram divulgadas pelo jornal Kyiv Post.

Kulishov apontou um aumento nas atividades de reconhecimento da Otan na região, acompanhado por um maior volume nos treinamentos operacionais das tropas da Aliança Atlântica. “Durante esses exercícios, estão sendo trabalhados cenários para a condução de operações de combate contra a Federação Russa, incluindo possíveis ataques nucleares em nosso território”, declarou o general.

Ele acrescentou que a situação requer a adoção de medidas apropriadas “para proteger e garantir a segurança” das fronteiras russas.

Chefe do serviço de fronteira do FSB, general Vladimir Kulishov (Foto: WikiCommons)

Kulishov também abordou os esforços necessários por parte dos guardas de fronteira do país para se protegerem contra possíveis tentativas de infiltração no território russo por parte do que ele descreveu como “grupos ucranianos de sabotagem e reconhecimento”. Essas tentativas, segundo ele, estariam concentradas nas regiões de Bryansk, Kursk e Belgorod, bem como na Crimeia.

O general relatou que, somente em 2023, mais de 5,5 mil tentativas de entrada na Rússia por parte de “organizações terroristas e extremistas internacionais”, bem como “serviços especiais e formações armadas da Ucrânia”, foram impedidas.

Kulishov também destacou que o número de ataques com mísseis e artilharia em território russo está em alta, e os ataques de drones às infraestruturas militares, de transporte, energética e social da Rússia estão se intensificando.

Desde o início da guerra, a Otan cresceu com a adesão da Suécia e da Finlândia, aumentando o número de membros. Isso levou o Mar Báltico a ser chamado de “lago da Otan”, apesar da presença do exclave russo de Kaliningrado, uma região da Rússia que está situada entre a Polônia e a Lituânia, separada do resto da Rússia continental.

Armas nucleares

Os comentários de Kulishov vêm em meio a um aumento na postura nuclear da Rússia. Recentemente, o presidente Vladimir Putin ordenou que os militares praticassem o uso de armas nucleares táticas, em resposta ao que Moscou considerou serem ameaças do Ocidente, segundo relatou a revista Newsweek.

Atualmente, os EUA e a Rússia estão sob Start-3 (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), que limita seus arsenais a 700 mísseis implantados, 1.550 ogivas nucleares e 800 veículos de entrega. O pacto expira em 2026, e as negociações para renová-lo ainda não foram confirmadas.

A Rússia suspendeu sua participação em fevereiro de 2023 para avaliar armas nucleares de outros países da Otan, como França e Reino Unido, que estão além do escrutínio. Juntas, essas duas nações europeias possuem mais de 500 armas nucleares, conforme estimativas do International Institute for Peace Studies.

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