Putin sugere a criação de uma aliança que rivalize com a Otan e coloca até o Brasil no debate

Segundo o presidente, BRICS faria parte da discussão para estabelecer um grupo de defesa coletiva liderado por Moscou

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, vem fortalecendo a ideia de criar uma aliança militar liderada por Moscou na Eurásia que rivalize com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ele voltou a tocar no assunto nos últimos dias e sugeriu que o BRICS, bloco econômico do qual o Brasil faz parte, seja incluído nos debates.

De acordo com o think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), sediado em Washington, o líder russo sugeriu a ideia mais de uma vez, a última delas na última sexta-feira (21), sob o argumento de fortalecer a segurança eurasiática

Para tanto, seriam convidados a discutir a questão integrantes de outros três blocos além do BRICS: a Organização para Cooperação de Xangai, que também tem a China como um dos membros, a Comunidade dos Estados Independentes, formada por ex-repúblicas soviéticas, e a União Econômica Eurasiática, com cinco membros.

Vladimir Putin, fevereiro de 2022 (Foto: Kremlin)

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, igualmente ressaltou a intenção de Moscou de criar tal aliança, que segundo ele seria responsável pela “arquitetura de segurança eurasiática para substituir o euro-atlântico”, referindo-se à Otan.

De acordo com o ISW, embora os membros do BRICS tenham sido citados para integrar as discussões, eles não fazem parte do mapeamento de aliados idealizado pelo Kremlin, que é regionalizado. O bloco é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Os alvos realistas seriam as nações do Sudeste Asiático, ante à possibilidade de uma aproximação com a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Os planos de Moscou consideram inclusive a adesão da Coreia do Norte, marginalizada devido às sanções impostas pela ONU (Organização das Nações Unidas), e do Vietnã, “um país que não é tipicamente incluído nas concepções políticas da Eurásia”, como destaca o think tank.

Putin já havia citado a intenção de formar uma nova estrutura de segurança da Eurásia durante sua visita à China em maio deste ano. Mais tarde, no dia 14 de junho, tocou no assunto novamente ao afirmar que o “sistema de segurança euro-atlântico” está entrando em colapso e que os “esquemas ocidentais de segurança e prosperidade na Europa não funcionam.”

Na prática, a aliança militar sugerida por Putin funcionaria como uma ampliação da OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), que já existe como uma resposta russa à Otan. Atualmente, porém, uma crise se instalou no grupo após a Armênia anunciar os planos de desfiliação, alegando ter sido prejudicada por outros dois membros, Belarus e Azerbaijão, que firmaram um acordo paralelo de fornecimento de armas visto por Yerevan como uma traição.

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