Israel se comprometeu a responder ao ataque maciço do Irã na semana passada, quando entre 180 e 200 mísseis balísticos foram lançados em vários alvos no território israelense na noite de 1º de outubro. Essa resposta implica um alto risco e pode ter consequências significativas para seus arqui-inimigos, para o Oriente Médio e para o mundo. As informações são da Associated Press (AP).
As alternativas de Israel vão desde ataques simbólicos a alvos militares até ações devastadoras contra a vital indústria petrolífera do Irã ou seu programa nuclear secreto e altamente fortificado.
A intensidade e o timing de um possível ataque retaliatório de Israel contra o Irã eram esperados como principais tópicos em uma reunião marcada para esta semana no Pentágono, que foi adiada abruptamente. O presidente Joe Biden pediu a Israel que não atacasse o programa nuclear de Teerã nem a indústria do petróleo, sinalizando possíveis desacordos sobre a estratégia. Especialistas consultados pela AP concordam que Israel deve retaliar, mas há divergências sobre a melhor abordagem a ser adotada.
“O que está em jogo não é se Israel vai retaliar ou responder”, afirmou o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert à AP. “A questão é qual estratégia escolher”.

Israel tem diversos alvos em potencial no Irã, incluindo prédios governamentais, bases militares e instalações nucleares fortemente protegidas. O país acusa Teerã de desenvolver armas nucleares, o que é negado pelo governo iraniano. No entanto, realizar um ataque no Irã é logisticamente desafiador, já que os aviões precisariam voar mais de 1,5 mil quilômetros e reabastecer no ar em território hostil, além de enfrentar os sistemas de defesa aérea iranianos, que são de origem russa.
Yoel Guzansky, pesquisador sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional em Tel Aviv, destacou que o Irã está a cerca de 1,5 mil a 1,6 mil quilômetros de Israel, com países como Jordânia, Iraque e Arábia Saudita no meio, alguns dos quais são aliados e outros inimigos. Ele alertou que Israel “deve ter cuidado para não envergonhar seus amigos” e evitar o fogo hostil de outras nações.
Apesar de Israel ter capacidade para realizar ataques, há considerações diplomáticas importantes. Um ataque ao setor petrolífero ou ao programa nuclear do Irã provavelmente resultaria em retaliação iraniana, aumentando o risco de escalada do conflito. Além disso, esses ataques poderiam impactar os mercados globais de petróleo e a economia dos EUA antes das eleições, além de arriscar represálias contra Israel e tropas americanas na região, bem como países árabes aliados do Ocidente.
Ex-líderes israelenses estão divididos sobre como Israel deve reagir. Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro de 2006 a 2009, defende que um ataque a múltiplos alvos militares no Irã seria suficiente para enviar uma mensagem de dissuasão, sem provocar uma escalada desnecessária. Ele acredita que atacar o setor de petróleo iraniano ou o programa nuclear seria arriscado, pois poderia resultar em retaliação e a probabilidade de sucesso seria incerta. Olmert concluiu que um ataque ao programa nuclear “seria um erro”.