Os legisladores de Belarus marcaram a próxima eleição presidencial para 26 de janeiro. A votação provavelmente irá prolongar o governo de três décadas do líder autoritário Alexander Lukashenko, conhecido por reprimir opositores do regime. Apelidado de “último ditador da Europa”, ele já afirmou que buscará seu sétimo mandato consecutivo. As informações são da Associated Press.
Lukashenko chegou ao poder em 1994. Sua última vitória foi na eleição de 2020, que a oposição e o Ocidente denunciaram como fraudulenta. Aliado próximo do presidente russo Vladimir Putin, o líder belarusso confirmou sua intenção de concorrer novamente durante uma entrevista à televisão estatal russa na quarta-feira (23).
A líder da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, rapidamente classificou a próxima eleição como uma “farsa”.
“Lukashenko anunciou a data de sua ‘reeleição’. Dia 26 de janeiro”, disse ela.

Tsikhanouskaya, líder da oposição pró-democrática no exílio, se opôs a Lukashenko nas eleições de 2020 após seu marido ser preso e condenado a 18 anos de prisão. Ela denunciou a próxima eleição de 26 de janeiro como sendo um pleito sem um processo eleitoral real, “conduzida em uma atmosfera de terror”. Também apelou aos belarussos e à comunidade internacional para rejeitarem o resultados das urnas.
Nos últimos meses, Lukashenko surpreendeu ao libertar 115 presos políticos, alegando que eles pediram clemência e se arrependeram. No entanto, analistas acreditam que ele está tentando ganhar legitimidade e reconhecimento ocidental para o resultado da eleição. Autoridades em Minsk têm consistentemente negado acesso a observadores eleitorais independentes.
Em janeiro, Lukashenko aprovou uma lei que lhe concede imunidade, proteção vitalícia e propriedade fornecida pelo estado após deixar o cargo de presidente.
Belarus tem sido um dos aliados mais firmes de Moscou na invasão da Ucrânia, com quem compartilha uma fronteira de mil quilômetros.
Enquanto isso, o Ocidente, que enfrenta a própria guerra, perdeu o interesse em Belarus como um espetáculo secundário. As violações dos direitos humanos cometidas por Lukashenko, embora significativas, não são consideradas no mesmo nível dos crimes de guerra de Putin. Como o Ocidente não tem capacidade para influenciar as ações de Lukashenko, a política em relação ao país limitou-se a sanções e apoio financeiro à sociedade civil.
Apesar da imposição de fortes sanções econômicas por parte do Ocidente, a economia da Belarus cresceu 3,5% nos primeiros nove meses de 2023. Belarus foi protegida do impacto total das sanções pela vontade do Kremlin de compensar as perdas com subsídios energéticos superiores a US$ 15 bilhões em 2022 (provavelmente permanecerá num nível semelhante neste ano) e novas oportunidades comerciais, incluindo no setor de Defesa.