EUA investigam roteadores TP-Link por possíveis riscos à segurança nacional

Investigação aponta falhas de segurança e possível venda abaixo do custo como motivos para uma eventual proibição da marca

Uma investigação envolvendo órgãos governamentais dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Defesa e Justiça, analisa se os roteadores fabricados pela chinesa TP-Link representam uma ameaça à segurança nacional. A possível proibição desses dispositivos no mercado norte-americano pode ocorrer já no próximo ano. As informações são do The Wall Street Journal.

Entre os principais problemas apontados estão vulnerabilidades de segurança, que segundo especialistas são recorrentes nos dispositivos da TP-Link. Em outubro, a Microsoft associou redes usadas por hackers chineses a dispositivos comprometidos da marca, sem especificar os modelos.

Além disso, o Departamento de Justiça avalia se o domínio de mercado da TP-Link nos EUA, que alcança cerca de 65%, resulta da prática de vender produtos por preços inferiores aos custos de fabricação, o que violaria as leis americanas. A investigação inclui uma intimação do Departamento de Comércio à empresa.

Internet segura: China é principal preocupação dos EUA no universo digital (Foto: Leon Seibert/Unsplash)
Histórico de vulnerabilidades

Nos últimos anos, diversos modelos da TP-Link foram alvo de alertas por falhas de segurança. Em maio, a Agência de Cibersegurança e Infraestrutura dos EUA (Cisa, na sigla em inglês) identificou vulnerabilidades no modelo Archer AX21, permitindo que hackers explorassem redes conectadas. Relatórios anteriores indicam que outros dispositivos da marca também apresentam brechas críticas.

Os congressistas John Moolenaar e Raja Krishnamoorthi, membros do Comitê da Câmara sobre a China, pressionaram por uma investigação dos roteadores da TP-Link, classificando-os como tendo um “nível incomum de vulnerabilidades”. Ambos também sugeriram que o governo chinês pode estar utilizando esses dispositivos para realizar ataques cibernéticos nos EUA.

Apesar das preocupações, Michael O’Rielly, ex-comissário da Comissão Federal de Comunicações, destacou que a existência de vulnerabilidades não se limita à TP-Link. “Não há evidências de que a empresa seja negligente com a segurança de seus dispositivos, mas, sem dúvida, eles tiveram mais citações que a média”, afirmou.

Contexto global

As preocupações com a TP-Link não são exclusivas dos EUA. Em maio, o governo indiano alertou sobre uma falha nos modelos Archer da marca, que permitia o acesso indevido a dispositivos conectados.

A TP-Link, fundada em Shenzhen, China, em 1996, é líder mundial no mercado de dispositivos de internet, segundo dados da International Data Corporation. A empresa anunciou recentemente a transferência de sua sede global de Singapura para Irvine, Califórnia, reforçando seu foco no mercado norte-americano.

Entretanto, os EUA vêm intensificando ações contra empresas chinesas. Além da TP-Link, a administração Biden já mirou outras firmas de telecomunicações e tecnologia sob alegações de risco à segurança nacional, como a proibição da subsidiária da China Telecom no país.

Tags: