Hackers chineses invadem as redes globais de telecomunicações

Ataque, descrito como contínuo e amplo, visa obter dados de segurança nacional e informações de líderes políticos dos EUA

Autoridades dos Estados Unidos revelaram na terça-feira (3) que estão investigando um ciberataque em andamento contra sistemas globais de telecomunicações, atribuído ao grupo Salt Typhoon, ligado ao governo chinês. A violação, descrita como contínua e de maior escala do que inicialmente estimado, teve como alvo empresas de telecomunicações para acessar dados de segurança nacional e informações sobre líderes políticos norte-americanos. As informações são do site Politico.

O ataque foi detectado pela primeira vez entre o final de junho e o final de setembro, mas só veio a público em outubro. Segundo Jeff Greene, diretor assistente executivo de segurança cibernética da Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura (CISA), as investigações ainda não determinaram o alcance total da intrusão.

“Não podemos dizer com certeza que os invasores foram completamente expulsos. Estamos monitorando e rastreando suas atividades, mas ainda há informações que desconhecemos”, afirmou Greene em um comunicado.

Hacker (Foto: needpix.com)

De acordo com as autoridades, cerca de 80 empresas de telecomunicações e provedores de internet foram afetados, incluindo grandes nomes como AT&T, Verizon e T-Mobile. Registros de chamadas e comunicações privadas de indivíduos associados a líderes políticos foram comprometidos. Além disso, os hackers também acessaram e copiaram ordens judiciais confidenciais relacionadas a investigações de segurança, incluindo aquelas autorizadas pelo programa Communications Assistance for Law Enforcement (CALEA), uma lei dos EUA que exige que empresas de telecomunicações tornem suas redes acessíveis para interceptações legais.

Quando questionado se os invasores conseguiram acessar dados de inteligência coletados sob a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA), um oficial do FBI evitou comentar diretamente, mas admitiu que o programa CALEA inclui ordens judiciais ligadas a investigações desse tipo.

Um alerta conjunto emitido por agências dos EUA, Nova Zelândia, Austrália e Canadá alertou sobre o ataque a provedores globais de telecomunicações. O Reino Unido, membro do grupo de inteligência “Five Eyes“, não assinou o documento, mas expressou apoio às iniciativas de resiliência cibernética lideradas pelos parceiros.

Um porta-voz do Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido afirmou que o país segue uma abordagem independente para mitigar os riscos cibernéticos. Greene destacou a necessidade de comunicações criptografadas e de esforços coordenados para proteger redes críticas.

Entre os alvos mais sensíveis do hack, estão registros de comunicações de figuras políticas e governamentais nos EUA. O FBI informou que um pequeno grupo de pessoas foi notificado após terem suas comunicações comprometidas. Relatos anteriores apontam que os telefones do então presidente eleito Donald Trump e do vice-presidente eleito JD Vance foram interceptados antes das eleições, segundo o Politico.

Preocupações futuras

As autoridades alertaram que o ataque evidencia vulnerabilidades significativas na infraestrutura global de telecomunicações. “Estamos no início de entender o impacto total dessa intrusão e como proteger nossas redes no longo prazo”, disse Greene.

O FBI e a CISA continuam investigando, enquanto reforçam a necessidade de colaboração entre governos e empresas para enfrentar ameaças cibernéticas crescentes. O caso lança luz sobre os riscos de espionagem digital e a importância de medidas preventivas sólidas para proteger dados sensíveis em um mundo cada vez mais interconectado.

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