As recentes incursões de drones não identificados na Costa Leste dos Estados Unidos revelaram falhas significativas na capacidade do país de monitorar seu espaço aéreo, de acordo com análise do especialista em segurança aeroespacial Clayton Swope. Desde novembro, dezenas de drones foram avistados sobre áreas sensíveis, como a Estação de Armas Navais Earle, em Nova Jersey, e o Arsenal Picatinny do Exército.
“Esses incidentes mostram que há uma lacuna preocupante na vigilância aérea americana, especialmente quando se trata de identificar e rastrear drones de pequeno porte”, afirma Swope em artigo para o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Embora estejam em andamento investigações lideradas pelo FBI, a polícia federal dos EUA, com apoio do Departamento de Segurança Interna (DHS) e da Administração Federal de Aviação (FAA), o analista destaca que a tecnologia atual não é suficiente para lidar com a ameaça.
“Drones são difíceis de rastrear usando sistemas de radar tradicionais, que foram projetados para identificar objetos maiores e em altitudes mais elevadas. Essa limitação se torna crítica quando esses drones operam em altitudes baixas e com comportamentos erráticos”, explica ele.

O especialista também aponta para a falta de integração entre sistemas civis e militares como um problema central e acrescenta que essa limitação também explica por que balões de alta altitude chineses passaram despercebidos em anos anteriores.
“Os esforços militares dos EUA para identificar ameaças aéreas historicamente se concentraram em mísseis balísticos e bombardeiros, o que significa que sensores e algoritmos usados no processamento de dados de radar não estão ajustados para identificar drones”, observa.
Swope sugere que tecnologias emergentes podem preencher essas lacunas e cita o exemplo de Nova Jersey, que anunciou o uso de sistemas avançados de radar, combinados com sensores térmicos e câmeras, para identificar drones desconhecidos.
“Além disso, uma rede de sensores acústicos, como a usada na Ucrânia, provou ser eficaz para rastrear drones. Mas implementar algo semelhante nos Estados Unidos demandaria tempo e recursos significativos”, destaca.
Os avistamentos na Costa Leste não são um caso isolado. Segundo Swope, drones não identificados também foram relatados em bases militares nos Estados Unidos, na Alemanha e no Reino Unido nos últimos meses. Ele que mais de 600 incursões não autorizadas foram registradas desde 2022, como evidência de uma tendência preocupante.
“Esses números mostram que os EUA não têm uma visão completa das atividades de drones em seu espaço aéreo. Isso representa um risco potencial em tempos de crise”, alerta, pedindo medidas para modernizar a vigilância aérea do país. “Investimentos em tecnologias avançadas e maior integração entre sistemas civis e militares são essenciais para enfrentar as ameaças emergentes. Não podemos esperar que uma situação de crise revele essas falhas de maneira trágica”, conclui.