Uma pesquisa realizada pelo Allensbach Institute, a pedido do Partido Liberal Democrata (FDP) da Alemanha, revelou que jovens alemães que utilizam o TikTok como principal fonte de notícias tendem a ter opiniões mais simpáticas à Rússia e à China em comparação com aqueles que se informam por jornais ou emissoras de TV. Os resultados foram publicados ao final de 2024, com informações reproduzidas pela rede Deustche Welle (DW).
O estudo ouviu cerca de duas mil pessoas e investigou visões sobre temas como a invasão da Ucrânia pela Rússia, a percepção de regimes autoritários e a pandemia de Covid-19. Os dados destacaram disparidades significativas nas opiniões entre usuários de plataformas sociais, especialmente o TikTok, e os consumidores de mídia tradicional.

Apenas 28,1% dos usuários de TikTok concordaram plenamente com a afirmação de que a China é uma ditadura, contra 57% dos leitores de jornais e 56,5% dos telespectadores de emissoras públicas. Entre os jovens de 16 a 29 anos, esse índice subiu para 67%, mas ainda ficou abaixo da média dos meios tradicionais.
Quando questionados sobre o apoio ocidental à Ucrânia, somente 13,6% dos usuários de TikTok consideraram fundamental, enquanto entre os leitores de jornais nacionais o índice foi de 40,2%. Para a afirmação de que a Rússia conduz uma guerra ilegal contra a Ucrânia, o apoio geral foi de 78%, caindo para 70% entre jovens de até 29 anos.
A pandemia também foi tema da pesquisa. Cerca de 71% dos jovens disseram acreditar que as vacinas salvaram milhões de vidas, com os usuários de TikTok registrando um número similar, de 69%.
“Os jovens são muito mais vulneráveis a informações e o TikTok desempenha um papel decisivo”, afirmou Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, vice-presidente da fundação que encomendou a pesquisa. “Não podemos permitir que desinformações chinesas e russas se espalhem em nosso meio.”
A influência do TikTok no Ocidente tem sido alvo de intenso debate, especialmente por preocupações de segurança nacional. Nos Estados Unidos, a plataforma enfrentou restrições e poderá ser banida, com o novo presidente Donald Trump prometendo adiar temporariamente a proibição assim que assumir o cargo.
Na Alemanha, o contexto é ainda mais sensível, com as eleições nacionais previstas para o próximo mês. O partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que está em segundo lugar nas pesquisas, tem ganhado popularidade entre jovens, um público predominante no TikTok.
Além de preocupações políticas, analistas alertam para o potencial uso da plataforma por Beijing para coleta de dados de usuários e pela Rússia para disseminação de desinformação com intenções geopolíticas.