Rede social chinesa, TikTok apaga vídeos que denunciam abusos contra os uigures

Plataforma alega que postagens violam suas diretrizes da comunidade e fortalece alegações de que serve aos interesses de Beijing

Membros da comunidade uigur no exterior alegam que vídeos denunciando os abusos praticados pela China contra a minoria étnica de origem turca têm sido sumariamente excluídos pela rede social chinesa TikTok. A prática sugere uma campanha de censura por parte de Beijing, cuja lei confere ao governo o poder de controlar plataformas digitais. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

Um dos denunciantes é Nefise Oguz, estudante uigur na Universidade de Istambul, na Turquia. Ele disse que postou em diversas redes sociais trechos de um debate que teve com Doğu Perinçek, líder do Partido Patriótico turco, uma sigla nacionalista de esquerda. No dia seguinte, descobriu que o TikTok, e somente ele, havia apagado a publicação sem qualquer justificativa.

TikTok: aplicativo foi o mais baixado do mundo em 2022 (Foto: Solen Feyissa/Unsplash)

Casos semelhantes foram relatados por outros membros da comunidade uigur no exterior. Eles alegam que as publicações apagadas continham denúncias das violações de direitos humanos atribuídas ao governo chinês na região de Xinjiang, onde vive a maior parte do grupo étnico.

Governos ocidentais alegam que o TikTok tem a obrigação legal de se reportar ao governo chinês, o que torna a plataforma insegura e antidemocrática. A denúncia se escora na Lei de Inteligência Nacional da China, de 2017, segundo a qual empresas locais devem “apoiar, cooperar e colaborar com o trabalho de inteligência nacional”, o que teoricamente as obriga a atender a eventuais demandas do governo.

A ByteDance, empresa chinesa gestora do TikTok, nega que esteja sujeita às ordens de Beijing. No caso específico da denúncia feita pelos uigures, entretanto, a plataforma de vídeos curtos recebeu um pedido de comentários, mas optou por não se manifestar.

Além de censurar conteúdos sensíveis, o TikTok é acusado de colocar em risco os dados de seus usuários, deixando-os à disposição do governo chinês. Estudo divulgado em 2022 pela empresa australiana Internet 2.0, especializada em cibersegurança, diz que a plataforma chinesa é “excessivamente intrusiva” e realiza uma “excessiva” coleta de dados de quem a acessa.

A Internet 2.0 decifrou o código-fonte e identificou como uma série de dados está sendo direcionada aos servidores da ByteDance sem que o usuário perceba. O fato de os servidores estarem conectados a uma das gigantes chinesas nos serviços de nuvem e segurança cibernética coloca a plataforma ainda mais perto do Partido Comunista Chinês (PCC).

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