Ofensiva israelense vai além da estrutura nuclear do Irã e passa a atacar os pilares do regime

Bombardeios atingem indústrias, forças de segurança e energia em diversas cidades; Israel diz que luta não é contra o povo

A nova fase da ofensiva israelense contra o Irã sinaliza uma mudança significativa de estratégia: os alvos deixaram de se concentrar apenas em instalações nucleares e passaram a incluir centros industriais, forças de segurança e infraestrutura energética, numa tentativa mais ampla de enfraquecer o regime iraniano. A intensificação dos ataques foi relatada neste domingo (16), com bombardeios em Teerã e em outras regiões do país. As informações são do jornal The Washington Post.

Na noite de sábado (14), Israel bombardeou o campo de gás South Pars, o maior do mundo, provocando incêndios e a suspensão parcial da produção. Um depósito de combustível nas proximidades da capital também foi atingido, gerando uma explosão que atraiu moradores curiosos. Segundo o Exército israelense, foram mais de 250 alvos atingidos e 720 estruturas destruídas em três dias de ataques.

Vídeos nas redes sociais mostram impactos em fábricas de eletrônicos, aeroportos, delegacias, um centro de manutenção de aviões e o escritório responsável por coordenar as mesquitas em Teerã. As explosões ocorreram em plena luz do dia e em áreas com grande circulação de civis. O Ministério da Saúde do Irã afirmou que 224 pessoas morreram desde o início da ofensiva, na sexta-feira (13).

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã (Foto: WikiCommons)

Além dos danos materiais, os ataques parecem ter como objetivo abalar as bases econômicas e militares que sustentam o governo iraniano. “Sem exagero, estamos em estado de guerra, uma guerra que nos foi imposta. Nós não queríamos a guerra e tentamos evitá-la”, declarou a porta-voz do governo iraniano Fatemeh Mohajerani, em comunicado divulgado pela mídia estatal.

O metrô de Teerã passou a funcionar 24 horas por dia como abrigo improvisado, já que as cidades iranianas não contam com sistemas subterrâneos de proteção.

Ao discursar no sábado (14), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques não têm como alvo os iranianos, mas sim o regime que os governa.

“Chegou a hora de vocês se unirem em torno da sua bandeira e do seu legado histórico, lutando pela liberdade contra um regime maligno e opressor. Nunca ele esteve tão fraco”, disse. “A luta de Israel não é contra vocês, o bravo povo do Irã, que respeitamos e admiramos. Nossa luta é contra o nosso inimigo comum, um regime assassino que tanto os oprime quanto os empobrece.”

Apesar das falas públicas, analistas ouvidos pelo The Washington Post apontam que a estratégia adotada por Israel se aproxima de uma tentativa indireta de derrubar o regime iraniano, ao atingir setores vitais para sua sustentação. Fontes militares israelenses, porém, afirmam que a prioridade segue sendo impedir o avanço do programa nuclear.

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