União Europeia reage a Trump e propõe nova aliança comercial sem os EUA

Ursula von der Leyen propõe grupo com países do bloco e outros aliados de Washington para reformar o comércio global

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs a criação de uma nova aliança comercial entre a União Europeia (UE) e os países do bloco Ásia-Pacífico conhecido como Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (AAPPT), excluindo os EUA do plano. A sugestão foi feita durante a cúpula de líderes europeus em Bruxelas, diante do risco de uma guerra tarifária com o presidente Donald Trump. As informações são do Politico.

O AAPPT é formado por 12 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura, Vietnã e Reino Unido. Juntos, eles representam uma parcela significativa do comércio global. A proposta de von der Leyen tem como objetivo estabelecer uma nova ordem baseada em regras e contrabalançar a postura imprevisível de Trump nas negociações com a UE.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Alemanha, em 2019 (Foto: WikiCommons)

“Este é um projeto no qual acredito que devemos realmente nos engajar, porque AAPPT e UE são poderosos”, afirmou von der Leyen. Ainda segundo ela, os EUA não teriam assento garantido na nova estrutura, cabendo aos membros a decisão de aceitar ou não o ingresso norte-americano.

A proposta foi respaldada pelo chanceler alemão Friedrich Merz. “Se a OMC (Organização Mundial do Comércio) está tão disfuncional como tem estado há anos, então nós, que ainda acreditamos no comércio livre, precisamos criar algo novo”, disse. Ele também defendeu um acordo provisório com os EUA antes do prazo de 9 de julho, data estabelecida por Trump como limite para que a UE aceite as condições de um novo acordo comercial bilateral proposto por Washington. Caso contrário, o presidente norte-americano ameaça retomar tarifas punitivas sobre produtos europeus.

Trump ameaça impor tarifas de até 50% sobre produtos da UE caso não consiga os termos comerciais que deseja. Diante disso, líderes europeus passaram a aceitar a possibilidade de um acordo com concessões. “O ideal seria uma tarifa de 0%; mas, se for 10%, será 10%”, afirmou o presidente francês Emmanuel Macron.

A ofensiva comercial de Trump preocupa não apenas pelo impacto econômico, mas também pelos efeitos políticos. Diplomatas europeus temem que, caso as tensões aumentem, o republicano volte a questionar o papel dos EUA na defesa do continente. Por isso, a proposta de von der Leyen ganhou força como forma de reposicionar a UE no cenário global e manter canais comerciais abertos, mesmo sem Washington.

Tags: