Belarus mantém 1.100 caminhões lituanos retidos na fronteira e cobra taxa diária de 138 dólares por veículo

Crise diplomática se intensifica entre Minsk e Vilnius, com acusações mútuas e prejuízos milionários para transportadoras

Belarus informou nesta segunda-feira (10) que mais de 1.100 caminhões lituanos permanecem retidos em seu território após o fechamento unilateral das passagens de fronteira pela Lituânia. O impasse, que já afeta milhares de transportadoras, expõe o agravamento das tensões entre os dois países. As informações são da agência estatal lituana LRT.

De acordo com o site Nashaniva.com, as autoridades belarussas afirmaram que os caminhões parados nos postos de Kamenny Log e Benyakoni foram levados para estacionamentos especialmente designados na área de Katlovka, sob o argumento de “segurança e proteção”. Motoristas lituanos, segundo o governo, podem deixar o país a pé por motivos humanitários, mas são obrigados a abandonar seus veículos.

Fronteira Belarus-Lituânia (Foto: WikiCommons)

Os caminhões ficaram retidos depois que Vilnius fechou sua fronteira com Belarus, e Minsk, em retaliação, proibiu veículos lituanos de circular em suas estradas. As autoridades lituanas acusam Belarus de se recusar a permitir o retorno dos caminhões, aumentando as perdas das empresas de transporte.

O Ministério das Relações Exteriores de Belarus afirmou que a relocação dos veículos visa garantir sua segurança, mas responsabilizou a Lituânia pela crise, dizendo que “todos os prejuízos decorrem de ações politizadas de Vilnius”.

O autoritário presidente Alexander Lukashenko comentou o caso, acusando a Lituânia de tentar culpar Minsk por uma crise “fabricada”.

“Já estávamos prontos para abrir a fronteira há muito tempo. Não a fechamos”, disse Lukashenko. O líder também anunciou a cobrança de uma taxa diária de US$ 138 por caminhão estacionado, alertando que veículos e reboques poderão ser confiscados caso as taxas não sejam pagas.

Erlandas Mikėnas, chefe da Associação de Caminhoneiros da Lituânia (Linava), afirmou à rádio LRT que a medida causará prejuízos significativos para as transportadoras.

“Teremos que pagar aos proprietários dos terrenos onde os caminhões estão estacionados – refiro-me às entidades jurídicas belarussas. A polícia patrulha a área e os motoristas não conseguem chegar à fronteira. Quando as fronteiras reabrirem, as taxas terão se acumulado tanto que não valerá a pena recuperar os veículos”, explicou Mikėnas.

Segundo a Linava, cerca de 4.500 caminhões e reboques lituanos permanecem retidos em Belarus, número inferior aos 5.000 anteriores. Apenas cerca de 300 caminhões conseguiram retornar nos últimos oito dias. O vice-presidente da associação, Oleg Tarasov, denunciou que o posto de controle Medininkai–Kamenny Log foi totalmente fechado, impedindo até a saída parcial de veículos.

“Alguns caminhões serão transferidos para estacionamentos pagos, e outros provavelmente serão apreendidos”, afirmou Tarasov.

O assessor do primeiro-ministro da Lituânia, Ignas Dobrovolskas, acusou Belarus de criar obstáculos “artificiais” para empresas lituanas e europeias que tentam recuperar seus veículos. O governo de Vilnius segue buscando uma solução diplomática para liberar os caminhões.

O fechamento das fronteiras foi anunciado pela Lituânia no fim de outubro, inicialmente por um mês, com o objetivo de pressionar Minsk a conter o uso de balões infláveis que transportam cigarros contrabandeados. O Aeroporto de Vilnius chegou a suspender voos por questões de segurança após o avistamento desses balões.

O impasse marca mais um capítulo da crescente deterioração das relações entre Belarus e os países da União Europeia (UE), agravada pela guerra da Rússia na Ucrânia e pela proximidade entre Lukashenko e Vladimir Putin.

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