Minerais críticos como lítio, cobalto, níquel, cobre e elementos de terras raras estão no coração da tecnologia moderna, de baterias e chips a sistemas de energia renovável e defesa. A demanda global por esses recursos cresce rapidamente, impulsionada pela transição energética e pela corrida tecnológica entre China e Estados Unidos. A maior parte das reservas e da produção está concentrada no Sul Global, e a África abriga cerca de 30% desses depósitos. As informações são do The Conversation.
A China domina a cadeia mundial de suprimentos, refinando 90% dos elementos de terras raras e do grafite, além de 60% a 70% do lítio e do cobalto. Com investimentos bilionários em países como República Democrática do Congo (RDC), Zimbábue, Mali e Namíbia, Beijing consolidou sua presença no continente. Já os Estados Unidos e a União Europeia (UE) buscam recuperar espaço, firmando acordos estratégicos com Ruanda, Zâmbia e RDC para reduzir a dependência da China e garantir acesso estável aos minerais.

A grande questão é como os países africanos podem transformar essa corrida global em desenvolvimento interno. Pesquisadores defendem que as nações do continente criem estratégias nacionais que priorizem a agregação de valor, a industrialização local e a cooperação regional. Sem políticas claras e governança sólida, o risco é repetir a lógica colonial, exportando matérias-primas e importando produtos industrializados.
A competição entre China e EUA não é apenas econômica, mas também política e tecnológica. A Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), lançada por Beijing em 2013, fortaleceu a influência chinesa e garantiu acesso a portos e minas estratégicas na África. Os Estados Unidos, por sua vez, tentam contrabalançar com diplomacia energética e tecnológica. Essa disputa molda novas alianças, como a ampliação do BRICS e o fortalecimento da cooperação Sul-Sul, em que a África se torna peça central.
De acordo com a reportagem, a corrida por minerais essenciais na África pode representar uma oportunidade histórica ou uma armadilha. Para transformar o potencial mineral em prosperidade sustentável, os países africanos precisam estabelecer políticas soberanas, promover parcerias de benefício mútuo, investir na transformação industrial interna e evitar acordos que perpetuem dependência e desequilíbrios de poder.