África carece de US$ 194 bilhões de financiamento anual para alcançar metas globais

Segundo o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, várias economias africanas estão com incapacidade de pagar suas dívidas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A lacuna de financiamento do desenvolvimento da África aumentou para US$ 1,6 trilhão devido ao sistema priorizando altas taxas de juros e serviço da dívida ao invés de investimentos em resiliência e serviços sociais.

As Nações Unidas revelaram que várias economias africanas estão com incapacidade de pagar suas dívidas, segundo o presidente da Assembleia Geral, Philémon Yang.

Desigualdades estruturais

Para acelerar a ação regional para cumprir a Agenda 2030 de Desenvolvimento, ele pediu urgência em encarar as desigualdades estruturais e melhorar as condições para que os 462 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no continente.

O pronunciamento foi feito nesta segunda-feira no debate sobre a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África que avaliou a implementação do desenvolvimento sustentável e apoio internacional. O evento abordou ainda as causas do conflito e a promoção da paz duradoura e do desenvolvimento sustentável na região.

Ainda na vertente econômica, Philémon Yang citou dados indicando que o continente precisará de mais cerca de US$ 194 bilhões em financiamento por ano para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nesta década.

África no globo terrestre (Foto: Kyle Glenn/Unsplash)

O líder do órgão deliberativo da ONU disse que em meio às perspectivas sombrias, a África Subsaariana mostra sinais de tenacidade após um crescimento econômico de 2,6% em 2023. Este ano, a previsão é de um avanço de 3,4%, e de 3,8% em 2025.

Causas profundas da injustiça e da desigualdade

Para o presidente da Assembleia Geral é preciso um plano amplo para promover a paz e avançar com o Estado de direito na África. A estratégia cobriria as reformas legais e transformações sociais abordando as “causas profundas da injustiça e da desigualdade”. Segundo ele, outro fator importante é “priorizar a dignidade humana”.

No rumo ao acesso universal à justiça, ele pediu o fim de barreiras sistêmicas que perpetuam os ciclos de pobreza e excluem as pessoas da educação, do emprego, dos mercados e serviços necessários para participação igualitária na vida diária.

Como tarefa para a atual geração, o líder sugeriu o apoio à “engenhosidade inexplorada da África” com bases sólidas para o crescimento inclusivo e a prosperidade compartilhada reconhecendo primeiro “que a vibrante população em idade ativa da África deve crescer em 450 milhões até 2035”.

O presidente da Assembleia Geral destacou que usando os investimentos certos em educação, sistemas de saúde, tecnologia e empreendedorismo, o potencial para impulsionar mudanças transformadoras é ilimitado.

Melhores investimentos e redução de custos

Para atrair mais investimentos, reduzir os custos e desafiar percepções exageradas de risco, as propostas são melhorar a gestão financeira, a mobilização de recursos domésticos e o uso da dívida como ferramenta de desenvolvimento. Estas ações devem contar com apoio financeiro internacional e menos riscos.

Philémon Yang pediu ainda uma reforma mais ambiciosa da arquitetura financeira global que atenda e represente as necessidades da África, permitindo que o continente fique posicionado para aproveitar seu enorme potencial.

O discurso destacou que a paz duradoura deverá prevalecer com soluções políticas para os vários conflitos na região e fora dela como no Sahel, no Sudão, na República Democrática do Congo e na Somália. Yang ressaltou que outra necessidade urgente para a região africana é o combate ao terrorismo e ao extremismo violento.

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