África do Sul promete prender cidadãos que lutarem ao lado de Israel em Gaza

País se posicionou ao lado dos palestinos desde o início do conflito e chegou a sugerir que o Estado judeu comete genocídio

Naledi Pandor, ministra das Relações Exteriores da África do Sul, afirmou que os cidadãos locais que eventualmente lutarem ao lado das tropas de Israel no conflito em curso na Faixa de Gaza serão presos se retornarem ao país. As informações são da agência Associated Press (AP).

“Já emiti uma declaração alertando aqueles que são sul-africanos e lutam ao lado ou nas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês): ‘Estamos prontos’. Quando você voltar para casa, vamos prendê-lo”, disse Pandor durante evento de apoio aos palestinos.

Naledi Pandor, ministra das Relações Exteriores da África do Sul (Foto: GovernmentZA/Flickr)

O governo sul-africano afirmou, no final do ano passado, que tomou conhecimento da presença de alguns de seus cidadãos nas fileiras das IDF e prometeu tomar medidas judiciais contra aqueles que não tivessem uma autorização específica para isso.

Não se sabe ao certo quantas pessoas provenientes da África do Sul combatem ao lado das tropas israelenses, mas a população de judeus do país africano é de cerca de 70 mil. Além do risco de serem presos, como ameaçou a ministra, aqueles que tiverem dupla nacionalidade enfrentarão um processo para perder sua cidadania sul-africana.

Pandor também usou seu discurso para incentivar a população a protestar em frente às embaixadas dos “cinco principais apoiadores” do governo israelense no conflito, embora não tenha citado as nações às quais se referiu.

Acusação de genocídio

Em novembro do ano passado, o governo da África do Sul foi à Corte Internacional de Justiça (CIJ) pedir uma investigação para apurar possíveis crimes de guerra cometidos por membros do governo Israel no conflito em curso em Gaza, desencadeado pelo ataque do Hamas dentro do território israelense no dia 7 de outubro.

O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa afirmou que as ações de Israel no território palestino incluem crimes de guerra e possivelmente genocídio.

“Fizemos um encaminhamento porque acreditamos que crimes de guerra estão sendo cometidos ali”, disse o chefe de Estado na ocasião. “E é claro que não toleramos as ações tomadas anteriormente pelo Hamas, mas da mesma forma condenamos as ações que estão atualmente em curso e acreditamos que justificam uma investigação.”

As autoridades de Gaza afirmam que mais de 31 mil pessoas morreram desde o início do contra-ataque israelense até o início de março deste ano. O ataque inicial do Hamas, que pegou Israel de surpresa, matou 1,2 mil pessoas e rendeu mais de 200 reféns ao Hamas.

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