Agência da ONU relata dificuldades para entregar ajuda em áreas de fome no Sudão

Mais de 2,8 milhões de pessoas no país receberam assistência em outubro; aumento de combates redireciona embarcações a zonas menos perigosas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Mais de 800 mil pessoas beneficiaram  no Sudão de assistência alimentar do Programa Mundial de Alimentos (PMA). Mas a agência ressalta que tem dificuldades para acessar zonas de fome e de risco desde o recente lançamento do aumento em grande escala.

Fome ou risco de fome

A assistência chegou aos deslocados internos no norte, oeste, centro e sul de Darfur, Kordofan do Norte e locais em Cartum, capital sudanesa, incluindo Jebel Awlia e Ilha Tuti. É quase metade do 1,7 milhão de pessoas que enfrentam fome ou estão em risco.

No terreno, a situação é volátil e perigosa. Isso continua a fragilizar os progressos operacionais neste país arrasado pela guerra.

Crianças submetidas a exames nutricionais em Silkiy, estado de Kassala, Sudão (Foto: Ahmed Amin Ahmed Mohamed Osman/Unicef)

A assistência alimentar, monetária e nutricional atingiu 2,8 milhões de pessoas só em outubro, o registo é o maior em um mês desde o início do conflito, em meados de abril de 2023.

O PMA explica que houve quatro vezes mais assistência alimentar em novembro do que em setembro porque se obteve mais autorizações para comboios humanitários.

Desde então, cerca de 135 mil pessoas receberam assistência no campo de Zamzam, onde a fome foi confirmada.

Corredores críticos

Os caminhões da agência da ONU chegaram ao campo de deslocados internos de Zamzam, arredores de El Facher, capital de Darfur do Norte a 22 de novembro último, sendo os primeiros desde abril.

A distribuição de 150 toneladas de assistência a 12,5 mil pessoas foi concluída numa semana.

Um outro comboio da agência é esperado neste campo através da passagem fronteiriça de Adre, no Chade, com 860 toneladas destinadas a mais de 70 mil pessoas. Os corredores disponíveis para chegar ao campo tornaram-se mais perigosos com o aumento dos combates e bombardeamentos intensos.

Segundo o PMA, um carregamento com 178 toneladas métricas de assistência alimentar e nutricional para cerca de 15 mil pessoas destinado ao acampamento de Zamzam teve que ser redirecionado para o campo de Kalma, em Belel, Sul do Darfur devido à insegurança no percurso. Este campo corre risco de fome.

Focos de fome

O comboio partiu de Porto Sudão a 12 de novembro e viajou via o corredor transversal de Dabbah para a região do Darfur.

No Kordofan do Norte, relatos indicam que um caminhão que não conseguiu chegar a zonas de risco de fome, devido a combates, teria retornado um local mais seguro, esperando ser redirecionado para áreas acessíveis no Kordofan do Sul ou no estado do Nilo Azul, conforme a situação.  

A agência identificou 14 focos de fome em Darfur, Kordofan, Cartum e Gezira onde conta prestar assistência alimentar vital em meio ao intensificar dos combates. Desde Agosto, 9.800 toneladas métricas de assistência foram levadas a mais de 850 mil pessoas na região do Darfur através do corredor transfronteiriça de Adre, no Chade.

Em 2024, mais de dois milhões de pessoas receberam assistência em dinheiro no Sudão, onde acredita-se que hoje dez vezes mais pessoas recebem assistência em dinheiro do PMA do que no início do ano. 

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