Agência de saúde da ONU lança alerta sobre ataque a hospital importante no Sudão

O South Hospital, que foi atacado pelas RSF, era até então a única instalação de saúde com capacidade cirúrgica em El Fasher

Mais violência mortal na cidade sitiada de El Fasher, no Sudão, forçou o fechamento de um grande hospital no fim de semana, depois que soldados invadiram as instalações, gerando alarme nesta segunda-feira (10) da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o grave impacto para pacientes doentes e feridos.

“A OMS está consternada com o recente ataque ao South Hospital, a única instalação com capacidade cirúrgica em El Fasher, Darfur”, disse a agência da ONU numa publicação na rede social X. “O encerramento do hospital após o ataque esticou os outros dois hospitais para lá além da capacidade, limitando ainda mais o acesso a serviços que salvam vidas”.

Segundo relatos, o hospital teve que fechar depois que soldados das Forças de Apoio Rápido (RSF) entraram no prédio e abriram fogo. A ONG que ajuda a administrar o hospital, Médicos Sem Fronteiras (MSF), disse no X que os combatentes armados roubaram equipamento e uma ambulância.

Uma família sudanesa se abriga em um ponto de entrada de refugiados perto da fronteira do Chade com o Sudão (Foto: WFP/Eloge Mbaihondoum)
Consequências de Wad Al-Nura 

Numa publicação relacionada nas redes sociais, a OMS condenou “outro ataque” a uma unidade de saúde em Wad Al-Nura, no estado de Al-Jazirah, ao sul de Cartum, que causou a morte de uma enfermeira que estava de serviço e cuidava de pacientes na ocasião.

“A OMS condena veementemente os ataques aos centros de saúde. Os profissionais de saúde e os pacientes não deveriam ter de arriscar as suas vidas para fornecer e ter acesso aos serviços de saúde ”, afirmou a agência da ONU, dias depois de um ataque à aldeia alegadamente levado a cabo por paramilitares das RSF, envolvendo artilharia pesada, ter deixado mais de cem mortos.

Alerta do chefe dos direitos humanos

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, juntou a sua voz na sexta-feira (7) à condenação internacional generalizada desse ataque, citando provas recolhidas pelo seu gabinete que “indicam que as RSF utilizou armas com efeitos de área ampla, incluindo projéteis de artilharia, durante o ataque”.

Anteriormente, Türk manifestou-se contra o “impacto profundamente devastador” sobre os civis dos confrontos entre as Forças Armadas do Sudão e a RSF em El Fasher, no extremo oeste do vasto país.

Além de apelos pessoais em telefonemas separados aos generais das Forças Armadas rivais, a autoridade das Nações Unidas alertou que mais de 1,8 milhão de residentes e pessoas deslocadas internamente estavam sitiadas na cidade “e em risco iminente de fome ”.

Qualquer nova escalada “teria um impacto catastrófico sobre os civis e aprofundaria o conflito intercomunitário com consequências humanitárias desastrosas”, insistiu o Alto Comissário.

Crise de fome

A emergência humanitária causada pelos intensos combates que eclodiram no Sudão em abril passado está agora perto de se tornar a maior crise de fome do mundo .

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, 18 milhões de pessoas no Sudão sofrem de insegurança alimentar aguda, incluindo quase cinco milhões que estão agora em níveis emergenciais de fome.

“Este é o número mais elevado alguma vez registado durante a época de colheita. Cerca de 90% das pessoas em situação de emergência estão em áreas onde o acesso é extremamente limitado devido a intensos combates e restrições”, disse o PMA, num apelo por financiamento urgente. 

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