Os recentes ataques aéreos a campos de deslocados internos e refugiados em Tigré, no norte da Etiópia, teriam matado dezenas de civis, incluindo crianças, e deixado muitos outros feridos. No domingo, o Ocha (Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários) afirmou que os bombardeios levaram agências de ajuda humanitária a suspenderem parte de suas operações.
“Parceiros humanitários suspenderam as atividades na área devido às ameaças contínuas de ataques de drones”, explicou a agência, acrescentando que a paralisação foi parcial e que alguns parceiros continuaram a operar.
De acordo com a agência, o último ataque aconteceu na sexta-feira (7), na cidade de Dedebit, e “causou dezenas de mortes de civis”.
Os rebeldes da TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político com um braço armado, disseram que o ataque matou 56 pessoas, enquanto um funcionário do principal hospital da região, na capital Mekele, relatou 55 mortos e 126 feridos.
Apesar dos relatos de que as atividades humanitárias suspenderam as atividades na área, o Ocha enfatizou nesta segunda-feira (10) que alguns parceiros continuavam operando em torno de Dedebit, em meio à ameaça contínua de ataques com drones.
Em outro comunicado, divulgado no domingo (9), o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) enfatizou que os campos de refugiados e deslocados internos, incluindo escolas e outras instalações essenciais, são instalações civis. Deixar de respeitar e proteger essas áreas pelos combatentes pode constituir uma violação do Direito Internacional Humanitário.
De acordo com o Unicef, atos de violência, incluindo graves violações contra crianças, continuam a ser perpetrados em todo o norte da Etiópia por todas as partes em conflito. Renovando seu apelo para a cessação imediata das hostilidades, o órgão exortou todas as partes a aproveitarem os primeiros sinais de progresso das últimas semanas.
Em dezembro, o governo da Etiópia anunciou que a Força de Defesa Nacional interromperia qualquer avanço adicional, e as forças de Tigré declararam que haviam se retirado das regiões vizinhas de Afar e Amhara.
Enquanto isso, uma crise humanitária mais ampla continua a causar estragos em partes da Etiópia. Atualmente, cerca de 5,2 milhões de pessoas precisam de ajuda nas regiões setentrionais de Tigré, Amhara e Afar. Em meio a denúncias de abusos generalizados dos direitos humanos, milhares de pessoas morreram e mais de dois milhões foram forçados a abandonar suas casas.
Nos últimos meses, assassinatos, saques e destruição de centros de saúde e infraestrutura agrícola, incluindo sistemas de irrigação que são vitais para a produção, fizeram com que as necessidades humanitárias aumentassem.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News