Aliança com a França deve intensificar combate a jihadistas no Sahel

Franceses recuaram e garantiram permanência de tropas de apoio às forças de contraterrorismo da África Ocidental

Uma aliança entre a França e cinco países da África Ocidental – Mali, Burkina Faso, Chade, Níger e Mauritânia – deve ampliar a operação de combate ao avanço jihadista no Sahel, região que separa o deserto ao norte do continente e a porção subsaariana. Os países oficializaram esse apoio mútuo na terça (16).

O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que manterá o número atual de soldados até junho. Macron recuou após manifestar intenção de reduzir suas tropas na região ao longo dos próximos meses.

“Precipitar a retirada de soldados, uma opção que cheguei a estudar, seria um erro”, disse Macron, em registro da Associated Press.

A França mantém 5,1 mil soldados nos cinco países africanos – o chamado G5 do Sahel – a um custo anual de US$ 48,5 milhões, maior operação militar do país no exterior.

Aliança deve intensificar combate à violência jihadista no Sahel
Mulheres refugiadas nos campos de Mopti após violência de jihadistas na região norte do Mali, em junho de 2019 (Foto: Unicef/Patrick Rose)

A operação deve se concentrar na fronteira entre Mali, Níger e Burkina Faso. A região é o epicentro de confrontos com grupos jihadistas ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico, como o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em francês) e a Frente de Libertação de Macina.

Além dos soldados franceses, o Chade prometeu enviar 1,2 mil homens à região. Houve um pacto semelhante no ano passado, mas o país não cumpriu o combinado.

Tensão e auxílio exterior

Os grupos jihadistas, antes confinados ao norte do Mali, se espalharam pelo Sahel nos últimos anos. A tática desses militantes é alimentar tensões étnicas e disputar territórios enquanto acumulam denúncias de graves violações contra a população local.

A crise humanitária forçou a França, antiga metrópole, a buscar estratégias para resolver a situação ainda em 2013. Houve avanços no Mali, mas a operação deixou bilhões de dólares em prejuízo e dezenas de soldados mortos.

Com a demanda doméstica por uma revisão na estratégia militar francesa, forças especiais dos Exércitos de países da UE (União Europeia) enviarão cerca de 150 homens à região, segundo a Al-Jazeera. Tropas de República Tcheca, Estônia e Suécia já estariam a caminho.

Os EUA também teriam manifestado interesse em um novo compromisso contra o exército jihadista no Sahel, assim como Hungria, Grécia e Sérvia. A Alemanha não deve enviar tropas, alegando envolvimento em outras operações militares no exterior.

A ONU (Organização das Nações Unidas) já nomeou o economista senegalês Mar Dieye como o novo Coordenador Especial para o Desenvolvimento no Sahel. Dieye tem como desafio mediar a estabilidade na região, informou o portal All Africa.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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