Ataque a bomba do Al-Shabaab fere porta-voz do governo da Somália

Um homem-bomba tentou entrar no veículo que transportava Mohamed Ibrahim Moalimuu, que ficou levemente ferido

Um ataque a bomba no último domingo (16) feriu levemente Mohamed Ibrahim Moalimuu, porta-voz do governo da Somália. O autor do atentado foi um terrorista suicida ligado ao grupo extremista Al-Shabaab, que detonou um explosivo perto do carro da vítima. As informações são do site The Defense Post.

“Um homem-bomba pulou em um veículo que transportava o porta-voz do governo de Mohamed Ibrahim. Ele teve sorte de ter sobrevivido com ferimentos leves”, disse Mohamed Farah, um agente de polícia local, acrescentando que outras duas pessoas ficaram feridas.

Segundo testemunhas, o terrorista tentou entrar no carro de Moalimuu. Como não conseguiu, ele encostou no veículo antes de detonar o explosivo.

Moalimuu é porta-voz e conselheiro do primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble há mais de um ano. Antes, ele trabalhou para a rede britânica BBC e foi secretário-geral da União Nacional de Jornalistas Somalis. Este não é o primeiro atentado do qual ele consegue escapar.

Mohamed Ibrahim Moalimuu, porta-voz do governo da Somália (Foto: captura de vídeo/Twitter)

O ataque ocorre uma semana após o governo da Somália anunciar a realização de eleições parlamentares até 25 de fevereiro, após repetidos atrasos que colocam em risco a estabilidade do país. O pleito ocorre em meio à tensão entre Roble e o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, popularmente conhecido como Farmajo.

Presidente desde 2017, Farmajo teve seu mandato encerrado em 8 de fevereiro de 2021 e não realizou novas eleições. Então, em abril, ele decidiu ampliar seu governo por mais dois anos, o que provocou distúrbios armados na capital Mogadíscio. Para analistas, a crise entre os líderes pode levar o país a mais uma onda de protestos populares e violência nas ruas.

Por que isso importa?

O Al-Shabbab chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares. 

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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