Ataque contra igreja evangélica mata ao menos dez pessoas na RD Congo

Exército congolês diz que a ação foi realizada pelas Forças Democráticas Aliadas, grupo que diz servir ao Estado Islâmico (EI)

Ao menos dez pessoas morreram em um ataque a bomba contra uma igreja evangélica pentecostal no leste da República Democrática do Congo. A explosão teria ocorrido durante o culto de domingo (15), segundo informações das forças armadas locais reproduzidas pela agência Associated Press (AP).

Anthony Mwalushayi, porta-voz do exército congolês, disse que o ataque foi provavelmente realizado por insurgentes islâmicos. A agência Reuters citou especificamente a organização extremista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), que diz servir ao Estado Islâmico (EI).

A reportagem da AP afirma ter visto vídeos e fotos que mostram os corpos dos mortos do lado de fora da igreja, sendo que um deles parece ser de uma criança. Testemunhas dizem que alguns dos sobreviventes perderam braços e pernas devido à explosão.

Um relatório publicado em dezembro pela ONU (Organização das Nações Unidas) calcula que 370 pessoas morreram desde abril do ano passado em ataques das ADF, cuja atuação está concentrada no leste da RD Congo. Quase seis milhões de pessoas estão deslocadas internamente devido à violência.

Criança observa soldado da Monusco da RD Congo (Foto: Monusci/Abel Kavanagh)
Por que isso importa?

As ADF constituem uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir também na RD Congo.

O grupo foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificado como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do EI, que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu, com relatos também de sequestros e saques realizados pelos insurgentes.

Cerca de três meses depois, em agosto do ano passado, o atual presidente congolês, Felix Tshisekedi, declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

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