Ataque contra mina de ouro na RCA deixa nove cidadãos chineses mortos

Mortes ocorrem em meio ao aumento da violência gerada por uma coalizão de grupos rebeldes que contesta a legitimidade do governo central

Nove cidadãos chineses foram mortos no domingo (19) em um ataque realizado por homens armados contra uma mina de ouro operada por uma empresa da China na República Centro-Africana (RCA). As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

De acordo com Abel Matchipata, prefeito da cidade vizinha de Bambari, foram registrados dois feridos além dos nove mortos. A mina é administrada pela companhia chinesa Gold Coast Group, sendo que todos os mortos eram funcionários dela.

Rebeldes do norte da República Centro-Africana em registro de junho de 2007 (Foto: Divulgação/hdptcar)

Matchipata contou que os homens armados atacaram por volta das 5h, pelo horário local, e conseguiram render os seguranças da mina, que havia entrado em operação apenas alguns dias antes.

Também alguns dias antes desse ataque, três cidadãos chineses que trabalhavam na RCA foram sequestrados no oeste do país, nas proximidades da fronteira com Camarões.

A onda de violência levou o presidente Faustin Archange Touadera a fazer uma viagem emergencial para a China a fim de tranquilizar os investidores estrangeiros, dizendo que os chineses estão seguros no país africano.

Embora não tenha havido uma reivindicação oficial, as autoridades locais suspeitam que o ataque é obra da Coalizão de Patriotas pela Mudança (CPC, na sigla em francês), criada em 2020 e que reúne diversos grupos rebeldes locais de oposição ao governo central. Eles se rebelaram após a Justiça vetar, em dezembro daquele ano, a candidatura de François Bozizé à presidência.

Por que isso importa?

A República Centro-Africana convive com a violência gerada por grupos armados desde as eleições de 27 de dezembro de 2020, situação que já forçou o deslocamento de mais de centenas de milhares cidadãos para fora do país.

Segundo o Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiado), cerca de 92 mil fugiram para a vizinha República Democrática do Congo. Outros 13 mil cruzaram as fronteiras em direção a Camarões, Chade e Congo. O restante está sem abrigo dentro do próprio país.

Os confrontos começaram dias antes da eleição, quando o Tribunal Constitucional do país barrou a candidatura do ex-presidente François Bozizé ao pleito. A confirmação da reeleição de Faustin Archange Touadera acelerou os conflitos.

Desde então, o Exército nacional, apoiado pelas tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) e por países como Rússia e Ruandatenta conter uma coalizão de milícias. Os rebeldes reivindicam um novo pleito e alegam irregularidades no governo de Touadera.

Em outubro de 2021, o presidente declarou um cessar-fogo unilateral para iniciar um diálogo nacional, mas nem todos os grupos armados aderiram à proposta.

Os ataques rebeldes e os confrontos com forças de segurança dificultam o acesso humanitário ao país, e muitos dos deslocados já apelam para a prostituição em troca de alimentos. Enquanto isso, doenças como a malária, infecções respiratórias e diarreia se tornaram comuns entre a população.

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