Um ataque realizado por milicianos armados matou cerca de 60 pessoas em um campo para deslocados na região leste da República Democrática do Congo (RDC), nesta quarta-feira (2). A informação foi confirmada pelo líder de um grupo humanitário local e por um residente do campo à agência Reuters.
As autoridades locais atribuem a ação à milícia armada Codeco, que atua sobretudo na província de Ituri e é composto majoritariamente por combatentes da comunidade Lendu. Inicialmente, o número de mortos confirmado oficialmente por Jules Ngongo, porta-voz do exército na região, era de 20 pessoas.
De acordo com Ngongo, as forças de segurança da RDC chegaram a localizar os combatentes da Codeco, mas a milícia mudou de rota, perdeu contato com os militares e conseguiu chegar ao campo de deslocados.
“Eu ouvi gritos pela primeira vez quando ainda estava na cama. Depois, vários minutos de tiros. Fugi e vi tochas e pessoas gritando por socorro e percebi que eram os milicianos da Codeco que invadiram nosso local”, disse Lokana Bale Lussa, um residente do acampamento. “Contamos mais de 60 mortos e mais feridos graves“.
A ONG Conselho Norueguês para Refugiados (NRC, a sigla em inglês) fez uma contagem semelhante de vítimas. “Relatórios iniciais indicam que 59 civis foram mortos e outros 40 feridos”, disse a entidade, citando que dois estudantes de uma escola apoiada pela NRC estão entre os mortos.
Por que isso importa?
A Codeco é uma das muitas milícias que operam no leste do Congo, região inserida em conflitos por terras e recursos naturais. Os combatentes do grupo armado mataram centenas de civis em Ituri e forçaram milhares a fugirem de suas casas nos últimos anos, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).
Nos últimos meses, a Codeco tem se focado em ataques contra de deslocados, onde algumas pessoas se estabeleceram depois de fugirem de outros ataques do grupo. Os combatentes da milícia são oriundos principalmente da comunidade agrícola de Lendu, que há muitos anos está em conflito com os pastores Hema.