Conflitos na África central mataram 1,3 mil civis nos últimos oito meses

Violência entre rebeldes e governo aumentou nas últimas semanas em províncias no leste do país, segundo a ONU

Conflitos envolvendo grupos armados e forças governamentais mataram mais de 1,3 mil civis nos últimos oito meses na República Democrática do Congo, país da África central. As informações são da agência de notícias Associated Press.

De acordo com o ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), a violência aumentou nas últimas semanas nas províncias ao leste do país.

A alta comissária da ONU Michelle Bachelet afirmou que alguns episódios podem ser caracterizados como crimes contra a humanidade ou crimes de guerra. Há casos de grupos armados e forças de segurança cometendo massacres e graves violações de direitos humanos.

Segundo o MSF (Médicos Sem Fronteiras), a violência recente na província de Ituri criou uma onda de deslocamentos forçados de mais de 200 mil pessoas. A região fica no extremo leste do país.

A ONU afirma que o principal grupo armado que atua em Ituri se chama Codeco e é composto principalmente por combatentes da comunidade Lendu. O líder foi morto em março.

O MSF alerta que centros de saúde também viraram alvo de ataques, o que aumenta a preocupação em relação à pandemia do novo coronavírus e ao surto de ebola na região.

Conflitos no Congo mataram 1,3 mil civis nos últimos 8 meses
Carro da ONU queimado em ataque das Forças Democráticas Aliadas em 2014, na República Democrática do Congo (Foto: Sylvain Liechti/UN Photo)

Já no Kivu do Norte, as Forças Democráticas Aliadas vem encenando ataques de retaliação desde que militares lançaram grandes operações contra o grupo armado. Na província, mais de 110 mil civis tiveram que se deslocar.

Os grupos armados estão há décadas nas províncias no leste do Congo, ricas em minerais. Esses grupos atacam civis e lutam pelo controle do território e dos recursos.

Níger

O Níger também sofre com o aumento da violência em algumas regiões. Na segunda (1º), um ataque em um acampamento para refugiados malianos, no oeste do país, levou milhares de pessoas a fugirem do local, segundo a Al-Jazeera.

Cerca de 50 homens em motos mataram três líderes locais, raptaram um guarda, destruíram uma antena de comunicação e sabotaram o abastecimento de água, em Intikane, próximo à fronteira com o Mali.

O local abriga cerca de 20 mil refugiados malineses e 15 mil nigerinos, que fugiram das suas regiões de origem por causa da violência.

Grupos com ligações à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico estão cada vez mais presentes em toda o Sahel. A região, transição entre o Magreb e a África subsaariana, atravessa partes da Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Camarões, Chade, Sudão, Sudão do Sul e Eritreia.

A violência atinge sobretudo Mali e Burkina Faso, tornando grandes partes desses países ingovernáveis. A atuação desses grupos vem avançando ainda no Níger, que divide fronteiras altamente povoadas com esses dois países.

Um enviado da ONU para a África Ocidental afirmou durante uma reunião do conselho de segurança que os ataques quintuplicaram nesses três países desde 2016.

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