Ataque do Al-Shabaab mata dois soldados da missão da União Africana na Somália

Membros do grupo associado à Al-Qaeda dispararam ao menos quatro foguetes contra uma base ocupada pelos militares

Dois soldados da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) foram mortos e um terceiro ficou ferido em um ataque do Al-Shabaab no domingo (3) perto do aeroporto de Mogadíscio, a capital somali. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Os extremistas, membros do grupo associado à Al-Qaeda, dispararam ao menos quatro foguetes contra o Campo Base Halane, que é ocupado pelos militares. A ATMIS divulgou uma nota após o ocorrido e condenou o ataque, oferecendo ainda condolências aos familiares das vítimas

“O ataque hediondo não nos impedirá, nem às forças de segurança somalis, de buscar uma paz duradoura na Somália”, disse o chefe da missão, Mohamed El-Amine Souef, através da rede social X, antigo Twitter. “Reafirmamos nosso compromisso inabalável de combater o terrorismo e construir uma Somália pacífica e próspera.”

O texto não cita as nacionalidades dos soldados atingidos e afirma que representantes da missão visitaram o local após o ataque. Já o Al-Shabaab se manifestou e assumiu a autoria, dizendo que os foguetes disparados por seus combatentes mataram “oficiais brancos e negros”.

Por que isso importa?

O Al-Shabaab chegou a controlar Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana (UA). Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional, tendo inclusive se expandido para a vizinha Etiópia.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques contra órgãos e oficiais do governo e entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Soldados da Missão de Transição da União Africana na Somália (Foto: Facebook/ATMIS/divulgação)

Civis são frequentemente vitimados pelos atentados, e a violência gera o deslocamento em massa de cidadãos. De acordo com a ONG Human Rights Watch (HRW), 650 mil pessoas fugiram de suas casas no ano passado, e atualmente o país tem pelo menos 4,3 milhões de pessoas precisando urgentemente de assistência alimentar.

Nos próximos meses, o país enfrentará um problema adicional devido ao fim do acordo de segurança entre o governo central e a ATMIS, que já evacuou dois mil dos cerca de 20 mil soldados que estavam estacionados no país. A retirada integral de tropas está prevista para acontecer até o final de 2024.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista. E, mais recentemente, em outubro de 2022, um associado ao EI, com nacionalidade brasileira e negócios no país, foi sancionado pelos EUA.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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