O grupo extremista islâmico Boko Haram foi responsabilizado pelas mortes de 17 pastores de gado e pelo roubo dos animais que pertenciam às vítimas no último sábado (24), no Estado de Borno, nordeste da Nigéria. A informação foi revelada na segunda-feira (26) por forças de segurança e reproduzida pelo site The Defense Post.
De acordo com Babakura Kolo, líder de uma milícia armada que ajuda o governo nigeriano a combater a insurgência islâmica no país, os pastores chegaram a confrontar os extremistas, mas estavam em menor número e pior armados.
Outro membro da milícia explicou que o ataque ocorreu nas proximidades da floresta de Gajiganna, para onde os pastores haviam se mudado justamente em função da violência extremista. Eles teriam sido expulsos de onde viviam, na floresta de Sambisa, devido aos confrontos constantes entre as forças armadas da Nigéria e o ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), maior rival do Boko Haram.
Os pastores estão na mira dos dois grupos extremistas sob a acusação de que colaboram com o governo no combate à insurgência. Entretanto, alguns costumam ser poupados mediante o pagamento de uma taxa de proteção, tendo autorização para deixar o gado em áreas sob controle dos radicais.
Por que isso importa?
Historicamente a principal facção extremista islâmica da Nigéria, o Boko Haram passou a colecionar derrotas ultimamente, com a neutralização de seus líderes por parte das forças de segurança nigerianas e uma perda de terreno para o ISWAP.
Em junho do ano passado, militantes do grupo jihadista gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante vitimado justamente pela organização inimiga. Essas derrotas levaram o grupo se movimentar mais e, assim, chegar ao vizinho Níger, distante do enfrentamento com o exército nigeriano.
O ISWAP, por sua vez, foi formado em 2016 por dissidentes do Boko Haram insatisfeitos com as decisões de Shekau. Atualmente, o grupo se concentra em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive contra trabalhadores humanitários. Os dois grupos jihadistas disputam o controle do Estado nigeriano de Borno.
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a violência jihadista no nordeste da Nigéria já matou mais de 40 mil pessoas e forçou cerca de dois milhões a deixarem suas casas desde 2009.