Ataques em série deixam pelo menos 15 pessoas mortas na RD Congo

Ação de domingo foi atribuída à organização extremista ADF, que diz ser um braço do Estado Islâmico no país africano

Ao menos 15 pessoas morreram em uma onda de ataques atribuídos ao grupo extremista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês) no domingo (29), na República Democrática do Congo. As informações são do site The Defense Post.

“Houve ataques simultâneos neste domingo entre as 4h e as 5h da manhã em três aldeias”, disse uma autoridade local identificada como Dieudonne Malangai. “Na aldeia de Manyala encontramos sete corpos. Em Ofay houve oito mortos, incluindo sete mulheres”, acrescentou, citando aldeias na região de Ituri.

Ainda de acordo com Malangai, o número de mortos pode ser maior que o reportado inicialmente. Essa informação foi confirmada por um trabalhador humanitário, dizendo que em Ofay o número de vítimas fatais é de “pelo menos oito”.

“Esses rebeldes das ADF também atacaram a aldeia de Bandibese, mas encontraram resistência dos soldados, que intervieram. Portanto, não houve mortes de civis”, afirmou Malangai. “Estamos cansados ​​de dar o número de mortos dia após dia”.

No dia 15 de janeiro, ao menos dez pessoas morreram em um ataque a bomba realizado pelas ADF contra uma igreja evangélica pentecostal no leste do país. A explosão teria ocorrido durante o culto.

Exército da RD Congo em ação contra terroristas na província de Ituri, fevereiro de 2015 (Foto: Monusco)
Por que isso importa?

As ADF constituem uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir também na RD Congo.

O grupo foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificado como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do EI, que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu, com relatos também de sequestros e saques realizados pelos insurgentes.

Cerca de três meses depois, em agosto do ano passado, o atual presidente congolês, Felix Tshisekedi, declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

Um relatório publicado em dezembro pela ONU (Organização das Nações Unidas) calcula que, desde abril de 2022 até aquele momento, 370 pessoas haviam morrido em ataques das ADF, cuja atuação está concentrada no leste da RD Congo. Quase seis milhões de pessoas estão deslocadas internamente devido à violência.

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