Candidatura de Déby para 6º turno como presidente gera violência no Chade

Mais de 40 manifestantes foram presos após o anúncio da recandidatura do atual presidente no sábado (6)

A nomeação do presidente Idriss Déby, no sábado (6), para concorrer ao sexto mandato gerou protestos e violência no Chade, localizado no Sahel africano. A perseguição contra opositores inaugura o mais recente período de tensão antes do pleito, agendado para 11 de abril.

A polícia prendeu mais de 40 manifestantes contrários a Déby no final de semana. A população foi às ruas logo após o partido governista MPS (Movimento de Salvação Patriótica) anunciar que o presidente concorreria novamente.

Na capital N’Djamena, cidadãos atearam fogo em pneus e exigem que o presidente não dispute o pleito. Também há registro de manifestações nas cidades de Moundou, Doba, Sarh e Abeche, segundo a agência France 24.

Nomeação de Deby ao 6º mandato gera protestos e repressão violenta no Chade
O presidente do Chade, Idriss Déby, em cerimônia na capital N’Djamena, em agosto de 2016 (Foto: Press/Paul Kagame)

A reação violenta contra os manifestantes tem amparo em uma lei aprovada no último dia 4. Ao alegar “temor de desordem pública”, o governo proibiu protestos em todo o país. Pelo menos 14 dos detidos já são acusados formalmente por “agressão” e “perturbação”.

Outros 30 envolvidos nos protestos foram condenados a três meses de prisão. “A situação confirma o rápido encolhimento cívico no Chade à medida que as eleições se aproximam”, alertou o pesquisador da Anistia Internacional na África, Abdoulaye Diarra.

Oposição forma aliança

Na terça (9), a frente de oposição “Aliança da Vitória” escolheu seu candidato, Théophile Bongoro, para disputar a Presidência contra Déby, segundo o portal da alemã Deutsche Welle.

Bongoro derrotou Saleh Kebzabo, vice-campeão na eleição de 2016, por nove votos a cinco nas primárias. A oposição do Chade atribui a vitória ininterrupta de 30 anos de Déby à fragmentação da oposição.

Déby subiu ao poder após uma rebelião contra o autocrata Hissène Habré em 1990. Desde então, foi reeleito a cada cinco anos em vitórias supostamente esmagadoras. Os resultados, porém, vem acompanhados de forte controle da imprensa e das atividades do Estado.

Em 2018, o chefe de Estado aprovou uma nova Constituição, onde restabelecia os limites de seu mandato. A norma garante sua permanência no poder até 2033.

Aliado às nações ocidentais contra os militantes islâmicos na África, o Chade enfrenta protestos e greves devido aos problemas econômicos derivados da baixa nos preços do petróleo e das rebeliões armadas no norte do país.

Entre denúncias de corrupção, nepotismo e negligência em relação aos altos índices de pobreza dos 13 milhões de chadianos, Déby mantém o regime à base de prisões arbitrárias e restrições às redes sociais. No Índice de Desenvolvimento da ONU, o país ocupa a 187ª posição entre 189 nações.

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